São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997 |
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Setor de carpete tenta recuperar mercado
DANIELA FERNANDES
Enquanto produtores de laminados de madeira registram crescimento anual de até 50% nas vendas, a indústria de carpete têxtil viu sua participação no mercado total de pisos cair de 15%, na década de 80, para 8,8% em 1996. A operação de resgate das vendas vai envolver de fornecedores de matéria-prima a revendedores. Eles resolveram formar um "pool" para recuperar a imagem do carpete, associada nos últimos anos a um produto que causa alergias e de difícil limpeza. O consumidor "pessoa física" é o alvo dessa operação, já que, segundo fabricantes ouvidos pela Folha, a venda de carpetes para estabelecimentos comerciais (hotéis e escritórios, por exemplo) se mantém estável. Nos próximos dois meses, o setor começará a veicular campanhas na TV e em revistas especializadas sobre as formas de manutenção do carpete, para evitar problemas alérgicos, e também com dicas para auxiliar o consumidor na hora da compra. Somente em campanhas institucionais, as indústrias do setor querem investir R$ 1,5 milhão em 97. Cada fabricante reforçará ainda sua própria marca. A Tabacow, por exemplo, vai gastar US$ 2 milhões em marketing para divulgar seus produtos. "Queremos contribuir com informações para aumentar o consumo", afirma Flávio Carelli, presidente da Abric (Associação Brasileira das Indústrias de Carpete). No ano passado, a produção nacional atingiu 11,96 milhões de metros quadrados -aumento de 6,8% sobre 1996, segundo dados da Abric. Em 97, a indústria de carpete espera retomar as vendas, estimando que pode crescer 15%. Além da mudança de hábito de consumo, há outro fator que contribuiu para a queda das vendas, segundo os fabricantes. Os carpetes importados -apesar dos preços, em média, serem mais elevados- vêm ganhando espaço no mercado brasileiro, afirma Carelli. No ano passado representaram 18% das vendas físicas (13,6 milhões de metros quadrados). Modernização A indústria brasileira, até pouco tempo, não utilizava fibras e filamentos de nylon de melhor performance, como as utilizadas em outros países, que são mais resistentes a sujeiras e manchas. Ao perceber essa preferência do consumidor, as indústrias nacionais começaram a comprar matérias-primas de última geração. "O mercado brasileiro estava voltado para fibras de baixa performance, como a de polipropileno. Havia uma resistência em relação às fibras mais sofisticadas", diz Guilherme Gomes Filho, gerente de marketing da DuPont do Brasil. A Fairway Filamentos S.A. (50% Rhodia e 50% Hoechst) também confirma a mudança de comportamento da indústria. "Trazíamos produtos diferenciados, já fabricados pela empresa na Europa, e os fabricantes não compravam. Com o importado, as indústrias se conscientizaram que as vendas só voltariam a crescer se elas tivessem produtos de melhor performance", afirma Wagner Granata, coordenador-comercial da Fairway. Novos consumidores A idéia dos fabricantes de carpete é oferecer os mais variados tipos de produto. Os preços médios, por metro, vão de R$ 17 a R$ 120. As pessoas de menor poder aquisitivo, beneficiadas pelo plano de estabilização, são o alvo das indústrias instaladas no Brasil, afirma Carelli. "A grande maioria das pessoas nunca teve carpete. Por isso o potencial de crescimento do mercado é enorme." Com o Real, afirma, melhorou a qualidade. Produtos mais populares, que custam R$ 12 o metro, não estão mais sendo vendidos. Texto Anterior: Freio imposto pelo governo deve estimular procura por 'leasing' Próximo Texto: Piso de madeira avança desde 89 Índice |
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