São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Danzig e Moby, extremos que se cruzam

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

O que o rock sombrio e "satânico" de Glenn Danzig tem em comum com o som meio tecno, meio hardcore, do visionário dance Moby?
Musicalmente, muito pouco. Mas foram essas duas figuras que a revista norte-americana "Alternative Press" juntou, em sua edição de maio, para uma conversa que, sem exagero, dá para chamar de histórica.
Primeiro, porque ambos se revelam conhecedores de verdade de música pop.
Lembram de faixas antigas dos Ramones, mostram que entendem de new wave. E Moby parece ter na ponta da língua um arsenal inesgotável de citações pop.
Segundo, porque ambos têm uma visão muito clara das limitações e descaminhos do rock de fim de século.
Moby nota a incontrolável pulverização do cenário pop atual. Hoje, com 31 anos, ele se recorda de que, em seus tempos de adolescente, o rock vivia uma fase de "nós" contra "eles".
"Nós" eram os alternativos, e essa ampla definição valia para muita coisa, do hardcore californiano do Black Flag até a new wave britânica de Adam and the Ants.
"Eles", claro, era o carimbo reservado aos dinossauros cabeludos dos estertores do hard rock.
Hoje não é mais assim. Como definir, por exemplo, a música do Green Day, punk na essência, mas pop até o último fio de cabelo?
Moby não se entusiasma com o Green Day, porém acha normal que um garoto de 16 anos goste deles. Lembra que já passou dos 30 e não acha correto ditar o que a meninada deve ouvir.
Danzig é mais ortodoxo. Sobre Green Day, diz que "não há nada ali". E reduz uma figura como Lenny Kravitz a "imitador desbotado de Jimi Hendrix".
Nem Moby nem Danzig se atreve a formular teorias definitivas sobre o futuro do rock. Não são grandes teóricos da comunicação, e especialmente Danzig acaba falando bobagens assustadoras. Qualifica a Bíblia, por exemplo, de "um monte de asneiras, simplesmente um veículo para garantir mais fiéis e dinheiro".
Mesmo assim, vale a pena conferir o que esses dois têm a dizer. Ambos concordam em que a música anda meio parada, e é preciso fazer alguma coisa. Rápido.
*
Levou seis meses, mas a boa notícia finalmente chegou. Está marcada para 18 de julho, uma sexta-feira, a estréia nos cinemas brasileiros de "Beavis and Butt-Head Do America", o longa-metragem com a dupla infernal do melhor programa de TV dos anos 90. Antes tarde etc. etc. etc.

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