São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Fracassa acordo entre Mobutu e Kabila

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O tão esperado encontro entre o presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko, e o líder rebelde, Laurent Kabila, parece não ter trazido os resultados esperados.
Depois de se reunirem pela primeira vez ontem, num barco sul-africano, o SAS Outeniqua, no porto de Pointe-Noire (Congo), os dois não chegaram a um acordo sobre os termos da renúncia de Mobutu, exigida por Kabila como condição para um cessar-fogo.
As tropas de Kabila já detêm mais da metade do país.
O enviado especial das Nações Unidas e da Organização da Unidade Africana, Mohamed Sahnoun, disse, em entrevista, que Mobutu se ofereceu para entregar o poder a um presidente eleito.
Kabila insistiu, entretanto, que a sua Aliança de Forças Democráticas para a Libertação do Congo-Zaire aja como um governo de transição.
O presidente sul-africano, Nelson Mandela, que mediou o encontro, disse ontem que poderia convocar uma nova rodada de negociações no prazo de oito a dez dias para tentar "estreitar a distância entre os dois".
A 100 km
O líder rebelde anunciou que suas forças, que já estão a cerca de 100 km de Kinshasa (capital do Zaire), permanecerão lutando enquanto Mobutu não renunciar.
"Quero deixar claro que um cessar-fogo está fora de questão e minhas forças continuarão a avançar em todas as frentes. Se conseguirmos Kinshasa (a capital) antes de oito dias, será ruim, mas não podemos esperar enquanto ele decide", disse Kabila, por telefone, à agência "Reuter".
O líder rebelde voltou a Lubumbashi, depois de uma breve parada em Angola.
Testemunhas disseram que Mobutu partiu imediatamente após o encontro, mas até ontem o seu destino era desconhecido.
Moradores da capital disseram que os rebeldes avançam rapidamente. Fontes religiosas na cidade, que falaram com moradores por rádio, disseram que um grande número de tropas rebeldes havia avançado, de caminhão, a partir de sua base em Kenge, 200 km a leste de Kinshasa.
Os Estados Unidos pediram para que os norte-americanos deixem o país imediatamente.
Soldados dos EUA desembarcaram no Congo no último sábado. Tropas britânicas, belgas e francesas estão de prontidão para retirar cidadãos estrangeiros da capital zairense.

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