São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Clinton inicia hoje sua 1º visita à AL

Viagem começa pelo México

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, inicia hoje sua primeira visita à América Latina no cargo, em meio a crescentes dificuldades nas relações de seu país com o subcontinente, em especial com o México, destino inicial da viagem.
Apesar de Clinton saudar o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) como um sucesso de seu governo, pesquisas indicam que a maioria dos norte-americanos discorda dessa avaliação.
Clinton admite que as chances de conseguir do Congresso, controlado pela oposição, instrumentos legais para ampliar a abrangência do Nafta ao Chile e outros países nunca foram menores.
A possibilidade de a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) vir a ser estabelecida até 2005, como previsto na Cúpula das Américas em Miami em 1994 também parece improvável, diante da insatisfação do público e do Legislativo dos EUA com a experiência do Nafta, visto como prejudicial aos interesses comerciais do país.
O governo argumenta que o aumento do déficit comercial dos EUA com o México verificado desde a implementação do Nafta, em 1994, se deve aos problemas econômicos enfrentados pelos mexicanos por causa da crise do peso, não é efeito do acordo.
Mas opositores do Nafta, da extrema direita à extrema esquerda, recusam o argumento de Clinton.
O presidente vai ter que lidar com um governo mexicano que teve seu orgulho nacional ferido pela decisão do Congresso dos EUA de considerar o México um país que não coopera com a luta contra o tráfico de drogas no continente.
Embora Clinton tenha mantido o México na lista dos países que os EUA consideram seus aliados no combate ao narcotráfico e a decisão do Congresso tenha tido caráter apenas simbólico, ela é representativa dos sentimentos antimexicanos que existem nos EUA.
Outro problema na agenda bilateral é a questão dos imigrantes mexicanos nos EUA. Diversas medidas foram aprovadas pelo Congresso para impedir com maior eficiência a entrada de ilegais pelas fronteiras com o México.
Mesmo imigrantes legais nos EUA terão benefícios previdenciários cortados pelo governo e há grande ressentimento no México devido a esses acontecimentos, que afetam dezenas de milhões de pessoas com parentes nos EUA.
Clinton vai passar dois dias no México. Depois, tem uma cúpula com presidentes da América Central na Costa Rica e outra com líderes do Caribe em Barbados. Em outubro, tem ida programada para Brasil, Argentina e Venezuela.
Seu governo tem sido acusado por estudiosos latino-americanos de não dar prioridade para o continente. Às vésperas de sua primeira viagem para a região, a maioria dos grandes jornais e emissoras de TV dos EUA ignoraram a visita.
Clinton deu entrevistas sobre o assunto apenas a jornais de Estados que fazem fronteira com o México.

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