São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Mau tempo aborta a subida da montanha

RODRIGO ASTIZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No final do período de aclimação, estávamos prontos para a subida. Nossa escolha foi a via pelo glaciar Sul.
Escolhemos a via Sul porque era o local onde iríamos encontrar mais gelo. O que não sabíamos é que essa via tinha sido tentada apenas 12 vezes em mais de 50 anos, e só 4 expedições haviam tido sucesso.
Além disso, pelo menos 5 pessoas morreram nessas tentativas: 3 italianos, na década de 60, e 2 argentinos, em 85.
O tempo bom nos acompanhou na aproximação e preparação para a escalada.
Começamos a subir por um esporão da montanha (um braço secundário) porque o glaciar estava fraturado, já que nevara pouco no inverno.
Mais uma vez estávamos nas pedras, evoluindo devagar. Fizemos assim mais de 700 metros de desnível até encontrar o glaciar, a 5.100 metros de altitude. Aos poucos, as nuvens foram tomando conta do céu, algumas com uma formação conhecida como disco voador, que anuncia mau tempo.
Quando já estávamos no glaciar, tivemos de voltar à base. Nuvens começaram a baixar.
Nessas condições, não há outra alternativa se não descer e esperar o tempo melhorar.
No outro dia, o tempo ficou pior, e perdemos as esperanças de fazer uma nova tentativa.
Não havia tempo, era 8 de janeiro, e, no dia seguinte, o sargento Pintat iria nos buscar. Precisávamos partir logo. Depois de tanto esforço, foi frustrante deixar a escalada.
Mas, como nos disseram Ugarte e Pintat, sempre haverá a oportunidade para uma nova tentativa, o Tupungato sempre vai estar lá, esperando.
(RA)

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