São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consórcios rivais acreditam que leilão deverá ocorrer hoje

ANTONIO CARLOS SEIDL
SILVANA QUAGLIO

ANTONIO CARLOS SEIDL; SILVANA QUAGLIO
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Os consórcios rivais, Valecom e Brasil, que disputarão a compra da Companhia Vale do Rio Doce, estão preparados e acreditam que o leilão acontecerá hoje.
"Estamos a postos", afirmou ontem à noite, Juvenil Félix, 61, vice-presidente da Anglo American no Brasil e porta-voz do Valecom, liderado por sua empresa e pelo grupo Votorantim.
O presidente do Conselho de Administração da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional, Benjamin Steinbruch, 43, líder do Consórcio Brasil, também garantiu, na noite de ontem, que "o esquema está todo montado".
Mesmo informado sobre a decisão do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que permitiria a realização do leilão, Steinbruch preferiu viajar ao Rio apenas na manhã de hoje. "Ainda há liminares para serem cassadas", justificou o empresário em tom bem mais confiante.
Enquanto ainda não se sabia ao certo se havia possibilidade de o leilão acontecer ontem mesmo, em menos de uma hora, os dois consórcios já tinham tudo pronto para fazer suas ofertas à Bolsa de Valores do Rio.
"A adrenalina aqui está alta", confirmou Félix, já instalado no auditório Burle Marx -a sala de operações do Banco Bozano, Simonsen, no centro do Rio. O comandante do grupo, o empresário Antonio Ermírio de Moraes, comunicado da iminência do leilão, preparava-se para viajar ao Rio.
Ainda que o leilão atrase em função das liminares pendentes, os dois consórcios estão dispostos a esperar. Mas não eternamente.
Os grupos trabalham com uma data limite para a realização do leilão: três meses. Vencido esse prazo, a avaliação de executivos dos dois consórcios é de que os investidores, principalmente estrangeiros, poderão rever suas posições. Isso não significa que os grupos desistiriam, mas, certamente, enfrentariam dificuldades.
Segundo a Folha apurou, os investidores não acreditam que aparecerá negócio melhor nas áreas de atuação da Vale (minério de ferro, aço, alumínio e celulose), mas as empresas não podem apostar em um investimento de tamanho vulto por tempo indeterminado.
Cada um dos grupos depositou cerca de R$ 3 bilhões em garantia de que terão cacife para pagar pela empresa no leilão. O dinheiro não é depositado fisicamente junto à Bolsa, mas mediante um documento -uma carta de fiança.
Assim, não há custo financeiro direto, mas os investidores ficam impedidos de usar o dinheiro em qualquer outro negócio, até que a Vale seja efetivamente vendida.
No caso da CSN, que acertou um empréstimo de R$ 1,2 bilhão com o Nations Bank dos EUA, tem garantia do dinheiro por um certo tempo. Os participantes do grupo continuam buscando integrantes. Daniel Dantas, do banco Opportunity, voltou dos EUA com novos cotistas, como o Citibank.

Texto Anterior: Leia o despacho do ministro
Próximo Texto: Após críticas, FHC elogia o Judiciário
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.