São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Morte foi 'recado' a fazendeiros, diz MST

IGOR GIELOW

IGOR GIELOW; JOSÉ MASCHIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para liderança dos sem-terra, acusações de execução de suposto pistoleiro no Paraná são infundadas

JOSÉ MASCHIO
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) advertiu que a morte de um segurança de fazenda no Paraná por seus militantes é "um recado para fazendeiros do país todo".
A frase é de Gilmar Mauro, membro da direção nacional do movimento. "É lamentável a perda de uma vida humana, mas isso mostra que a situação é de difícil controle para nós. Eles que não queiram abusar", disse.
A morte em questão ocorreu em 27 de abril na fazenda Borborema, em Tamarana (norte do Paraná).
O segurança José Lopes de Oliveira, o Django, foi morto após participar de uma tentativa de expulsão dos sem-terra -que há dez meses invadiram a fazenda.
Para o Instituto de Criminalística do Paraná, Django foi executado após ser dominado por um grupo de 20 sem-terra.
"Nós não temos dúvida que estamos sendo vítimas da polícia. Não houve execução, houve um conflito com pistoleiros", disse.
Gilmar Mauro nega que esteja estimulando mais violência. "É apenas um aviso. Não dá para pedir a 'companheirada' para não reagir quando atacada."
Versões
Mauro afirma que a polícia está tentando incriminar o líder dos sem-terra da região de Londrina, Josmar Choptian, pela morte do segurança. No conflito também ficaram feridos outro segurança e um sem-terra.
A polícia, por sua vez, afirma que termina amanhã o prazo para que Choptian se entregue à polícia.
O delegado responsável pelo caso, Jurandir Gonçalves André, crê que Choptian é o culpado da morte do segurança. Ele se baseia nas imagens do conflito, feitas por uma TV local.
O inquérito ouviu nove sem-terra e um funcionário da fazenda.
Além da defesa retórica, a direção nacional também está assumindo a parte jurídica do caso.
Ontem foi formada uma comissão de advogados, membros do MST e da CPT (Comissão Pastoral da Terra, órgão ligado à Igreja Católica) para defender os sem-terra.
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Em um informe publicitário, veiculado em emissoras de televisão de Londrina (norte do Paraná) no último domingo, a Sociedade Rural do Paraná ataca o MST usando as imagens do conflito.
As cenas mostram Django agonizando após receber um tiro na testa. O locutor compara as imagens à violência policial de Diadema e Cidade de Deus.

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