São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Steinbruch já pensava em se tornar um 'barão do aço'

IGOR GIELOW
JOÃO BATISTA NATALI

IGOR GIELOW; JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo líder da Companhia Vale do Rio Doce, Benjamin Steinbruch, já pensava em adquirir a estatal em 1993.
Em abril daquele ano, o grupo Vicunha, do qual era diretor-presidente, comprou parte da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e começou a se preparar para o virtual domínio do setor siderúrgico nacional -à época, sendo libertado do controle da Siderbrás.
Segundo amigos de Steinbruch ouvidos ontem pela Folha, o empresário já tinha a Vale em mente quando passou à vice-presidência do Conselho de Administração da CSN em 93 e, dois anos depois, à presidência.
'Barão do aço'
Uma amiga disse que ele sempre quis ser um "barão do aço". Sua saga rumo ao "baronato" passou por dois lances decisivos antes da compra da Vale do Rio Doce.
Em 1993, o então diretor-presidente da Vicunha já era conhecido no mercado como um dos mais versáteis executivos de São Paulo.
Fora incumbido, desde meados da década de 80, da diversificação dos negócios do grupo têxtil.
Em 1988, após 14 anos trabalhando junto ao pai, projetou seu nome idealizando uma campanha publicitária de muito sucesso -"Expresso Brasil", na qual unia personagens de novela de Dias Gomes.
No começo da década de 90, capitaneou a formação do Banco Fibra. Ao mesmo tempo, era o responsável pela marca de jeans Lee -um carro-chefe da Vicunha.
Um amigo afirma que Steinbruch é um "workaholic", que trabalha das 8h às 20h.
Em 1993, veio o primeiro grande lance de sua carreira com a compra da CSN. Nos dois anos seguintes, protagonizou dura disputa ao bater de frente com o Bamerindus na tomada de rumo da siderúrgica.
O Bamerindus tinha 9% do capital votante da siderúrgica e queria colocar na presidência da empresa o executivo Marcos Jacobsen.
A Vicunha, com seus 9%, queria manter Sílvio Coutinho no cargo -venceu, além de ver o banco paranaense vender suas ações.
O modelo
O pai, Mendel Steinburch (1925-1994), é o maior ídolo do empresário, e desde cedo apostou em Benjamin -deixando a parte "convencional" do negócio com o outro filho, Ricardo.
Steinbruch tem boas relações no alto tucanato. O filho do presidente FHC, Paulo Henrique, é seu amigo há anos e foi diretor de comunicação da CSN até fevereiro.
Frequenta teatro com estrelas do PSDB paulista, como o secretário estadual David Zylberstajn, genro de FHC, e o presidente da Cesp, Andrea Matarazzo.
Segundo um colega do curso de administração da Faculdade Getúlio Vargas, Steinbruch nunca se ligou à militância política.
Hoje, é um exemplo de empresário da era tucana, estando na venda da CSN, Vale e Light.
Em casa
Na vida pessoal, Steinbruch é definido pelos amigos como a antítese do empresário obstinado. Coloca a mulher, Carolina, e os filhos, Vítor, Felipe e Alessandra, no topo de sua agenda de prioridades.
Casado há cinco anos, tinha fama prévia de namorador. A revista "Nova" o colocou, há nove anos, numa lista dos "solteiros mais bem-sucedidos do país".
Adora cavalos. Criou alguns com o primo, Léo Steinbruch, famoso por seus leilões em conjuntos com o sócio de Benjamin na Vicunha, Eduardo Rabinovitch.
É um "judeu exemplar", na avaliação de um famoso rabino de São Paulo, embora não tenha receio de comer carne de porco.
Jovem, estudou no mesmo colégio que formou o rival derrotado Antonio Ermírio de Moraes, o Rio Branco. Segundo o diretor do colégio, Primo Páscoli Melaré, Steinbruch era "acima da média".

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