São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Acusação quer que policiais testemunhem

DA SUCURSAL DO RIO

Os promotores do caso Daniella Perez estão tentando incluir, entre as testemunhas de acusação do julgamento de Paula Thomaz, os dois policiais civis que teriam ouvido Paula confessar a autoria do crime.
Ex-mulher do ator Guilherme de Pádua, Paula será julgada na próxima quarta-feira como co-autora do assassinato da atriz, morta em dezembro de 1992. Em janeiro, Pádua foi condenado a 19 anos de prisão pelo mesmo crime.
Em princípio, o julgamento dos dois seria conjunto, mas um acordo entre a promotoria e a defesa de Paula desmembrou o júri.
No início desta semana, os promotores José Muiños Piñeiro Filho e Maurício Assayag pediram ao juiz José Geraldo Antônio, do 2º Tribunal do Júri, a inclusão dos policiais Nélio Machado e Valdir de Abreu como testemunhas.
O juiz, no entanto, indeferiu o pedido. Segundo Assayag, a promotoria está estudando o que fazer. O testemunho dos dois policiais é importante para a acusação porque foi para eles que Paula teria, num depoimento informal, confessado o crime. Ela sempre negou ter feito tal confissão.
Ontem, falando à Folha, Assayag procurou minimizar a importância dos testemunhos dos policiais no julgamento. "É uma questão técnica, de detalhe. Toda testemunha é importante, mas isso não afeta nada. O próprio juiz pode querer ouvir os policiais."
Segundo ele, não existe um prazo legal para a substituição das cinco testemunhas arroladas pelas partes para um julgamento.
A promotoria está tentando incluir os policiais no lugar do frentista Flávio de Almeida Bastos e da senadora Benedita da Silva.
Bastos afirma ter visto Daniella Perez abastecer seu Escort no posto Nova Alvorada, onde ele trabalhava, pouco antes de a atriz ser achada morta numa rua da Barra da Tijuca (zona sul do Rio).
Ao deixar o posto, segundo Bastos, o carro foi fechado por um Santana, de onde saiu um homem que deu um soco em Daniella, jogando-a dentro do Escort. O homem seria Guilherme de Pádua.
No julgamento de Pádua, o frentista confirmou essa versão. A senadora, porém, foi impedida de testemunhar pelo juiz por ter falado, por telefone celular, com uma jornalista, quando já estava no tribunal e não poderia se comunicar com o exterior.
Ontem, a novelista Glória Perez, mãe de Daniella, enviou aos 21 jurados do mês de maio do 2º Tribunal do Júri uma carta de seis páginas sobre o julgamento. Dos 21, 7 vão atuar nesse júri. Glória disse que fez isso porque foi impedida pela defesa de Paula de testemunhar. "É uma forma de me manifestar." Ela é assistente de acusação. A novelista negou que a intenção seja pressionar os jurados. "Só espero que eles leiam e se coloquem no meu lugar, de mãe."

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