São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Reitores repudiam ensino público pago

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reitores de universidades públicas criticaram a proposta de emenda constitucional apresentada ontem à Mesa do Senado pelo senador Edison Lobão (PFL-MA).
O projeto do senador institui a cobrança do ensino em universidades públicas para os alunos que têm condições de pagar.
Lobão diz que a maioria dos estudantes que estão hoje em universidades federais tem renda familiar que permitiria pagar pelo ensino.
José Carlos Almeida, presidente do Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileira), diz que, numa democracia, o estudante deve ter liberdade de escolha, ou seja, ele deve poder optar entre o ensino gratuito e o privado.
Almeida afirma também que, se a graduação for paga, cobrirá apenas cerca de 10% do orçamento de cada universidade pública, pois esse valor não incluiria os investimentos em pesquisa e pós-graduação, por exemplo. "Cerca de 90% do orçamento teria que continuar sendo financiado pelo Tesouro."
Concentração de renda
Ele afirma também que há levantamentos mostrando que mudou o perfil segundo o qual nas universidades federais estão alunos ricos e nas privadas estão os pobres.
"O Brasil é um dos países com maior concentração de renda do mundo. Introduzir o ensino pago só aumentaria a exclusão", diz.
Paulo Alcântara Gomes, reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), concorda.
"É preciso tomar cuidado com essa premissa de que nas universidade públicas só estudam estudantes ricos. No caso da UFRJ, grande parte dos alunos provêm de segmentos da classe média e classe média-baixa", afirma.
"A alocação de recursos por taxas não gera mudanças nas universidades grandes, que têm muita atividade científica, porque nessas universidades essa atividades custam caro", diz.
O deputado Lindberg Faria (PC do B-RJ) pediu uma audiência hoje com o senador Lobão para tentar dissuadi-lo da idéia da emenda constitucional. "Não há só pessoas com carros importados nas universidades federais", diz.
O Fórum de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis e Comunitários publicou em 95 uma pesquisa com 5.000 alunos de 38 universidades federais.
Segundo a pesquisa, 49% dos alunos têm renda per capita entre um e dois salários mínimos.

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