São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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SC quer jogador como 'pregador social'

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Um conjunto de idéias surgidas em Santa Catarina quer reverter a imagem de ignorância e descomprometimento comumente associada ao futebol e seus praticantes.
À frente do projeto está o economista Fábio Polli, 36 anos, diretor da Agap/SC (Associação de Garantia ao Atleta Profissional de Santa Catarina) -entidade sem fins lucrativos que presta assistência a jogadores.
Autor do livro "Futebol e cidadania" (ver texto abaixo), Polli tem o Avaí, de Florianópolis, sétimo colocado no Campeonato Catarinense, como parceiro na missão de transformar jogadores em formadores de opinião, estimulando-os a passar mensagens para a sociedade.
"Queremos fazer do atleta um agente social e político. Hoje, apesar de ter uma enorme capacidade de formar opinião, ele é completamente apolítico", diz.
A primeira atividade do convênio entre Avaí e Agap vai ocorrer no próximo domingo, no jogo entre Avaí e Chapecoense, no estádio Aderbal Ramos da Silva, conhecido como da "Ressacada".
À maneira do que já ocorre no Campeonato Paulista, antes da partida, acontecerão desfiles e shows -segundo Polli uma maneira de integrar o público ao jogo.
Encerradas as atrações, o capitão do Avaí, o lateral Itá, falará diretamente à torcida, passando uma "mensagem positiva para a sociedade sobre cidadania, que pode ser sobre os direitos do cidadão e as obrigações do Estado, por exemplo", explica Polli.
"Ainda não sei o que vou falar. Vou esperar que ele (Polli) me dê os temas e vamos analisar juntos as palavras certas para usar", diz Itá.
O jogador diz apoiar o projeto e afirma que o nível de conscientização de seus companheiros é muito baixo. "A maioria não está nem aí, apesar de saber que criança e jovens se espelham em nós", afirma.
Centenas de balões brancos representando a paz serão soltos, fechando o discurso de Itá.
O capítulo mais ousado da idéia de Polli pretende levar os jogadores às salas de aulas das escolas municipais, para palestras e conversas com os estudantes. A pauta das palestras seria proposta pela direção das escolas. Em contrapartida, os alunos poderiam ir assistir aos treinos do clubes e conversar com os atletas.
O diretor da Agap já apresentou a secretaria municipal de Educação, mas ainda não teve resposta.
Polli também propõe uma "campanha pelo resgate do sentimento patriótico", a ser deflagrada no jogo do próximo domingo.
O objetivo é valorizar a bandeira e o hino nacional -que passará a ser executado antes dos jogos do Avaí. "A história conta que nenhuma nação do mundo é forte sem ter este sentimento", diz Polli.

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