São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Trio francês joga poesia nos malabares

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Malabaristas regidos por música, acrobatas que interpretam uma história e baquetas de um tambor que viram malabares são alguns dos elementos usados no espetáculo "Bal", do trio Maracassé, que integra um movimento chamado novo circo francês.
"Bal" estréia hoje no Sesc Ipiranga, em São Paulo, e terá apenas três apresentações antes de seguir para São José dos Campos (12 e 13 de maio), Campinas (14) e Santos (15), sempre no Sesc.
Formada por dois atores e um músico, o trio francês mistura teatro, circo, música e poesia no espetáculo que trazem ao Brasil. Leia a seguir entrevista por fax com um dos integrantes do trio, Vincent Silliozat.
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Folha - Como você define esse novo circo francês?
Vincent Silliozat - O novo circo francês tem por base a mistura. Utilizando técnicas de circo, o artista se apóia em outras artes, como o teatro, a música e as artes plásticas, além da poesia, para desenvolver sua própria técnica.
Os artistas do novo circo também se diferenciam do circo convencional porque têm auxílio de um diretor de teatro. O circo que fazem não é uma sucessão de números, mas são peças, expressões coerentes, onde a técnica existe a serviço do jogo.
Folha - O novo circo é voltado a um público mais adulto?
Silliozat - Sim e não. Sim, porque ele trabalha com nível de proposta que inclui até abstrações estéticas e performance minimalista.
Mas um bom espetáculo novo ou antigo tem que ser feito para todos, adultos ou crianças, de modo universal e atemporal. "Bal", por exemplo, é para todas as idades.
Folha - O espetáculo "Bal" mostra o encontro de dois artistas de circo com um músico. Ele é baseado em experiências pessoais dos integrantes do trio?
Silliozat - O espetáculo comporta sempre uma parte autobiográfica. Em "Bal", a nossa maneira de conceber o espetáculo teve grande parte da criação feita pelos integrantes.
Nós iniciamos com trabalho de pesquisa a partir de idéias nossas, sempre buscando associar música a malabarismo. Esse trabalho nos levou a um certo número de material que nosso diretor, Michel Boullerne, completou e organizou.
Folha - O novo circo inclui a acrobacia de risco?
Silliozat - Cada artista do novo circo desenvolve a própria técnica ao serviço de um jogo de ator no qual a noção de risco pode ser presente, mas não forçosamente demonstrada ao público como uma coisa perigosa.
Não vamos assistir a um espetáculo do novo circo para sentir arrepios. Em "Bal", o acróbata usa a mobilidade do corpo como linguagem, um modo de se comunicar com o músico e a música. Nesse espetáculo a relação entre música e corpo é mais próxima da poesia que do risco.
Folha - Quem compôs a música de "Bal"?
Silliozat - Foi Bertrand Boss, o músico do espetáculo. Ele trabalhou como compositor para balé, para teatro, espetáculo de rua e para diversas formações musicais.
Em "Bal", os artistas estão sempre pesquisando sistematicamente para tentar render mais música a cada expressão. "Bal" é música em malabares, conceito da nossa criação e pesquisa artística.
Folha - O que significa Maracassé e quando o trio foi formado?
Silliozat - Maracassé vem de Maracasse, uma bola com um cabo de madeira usado tanto para malabarismo como para percussão. Os primeiros ensaios aconteceram em fevereiro de 1993, com dois artistas de circo e um músico. Cada um deixou a própria disciplina para pôr suas competências a serviço da idéia que unira o grupo.
Jeanne é malabarista e contorcionista e eu sou malabarista. Nós nos aventuramos no ambiente de Bertrand, o músico. Ele integrou malabarismo a sua maneira de interpretar a música.

Espetáculo: Bal
Com: trio Maracassé
Quando: de hoje a sábado, às 21h
Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, SP, tel. 011/273-1633)
Quanto: grátis (retirar convite antes)

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