São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Luiz Hermano volta com a beleza simples do quadrado

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico cearense (radicado em SP desde 1979) Luiz Hermano mudou, de três anos para cá, quando abriu sua última mostra na cidade.
Hoje, ao inaugurar sua nova exposição, na galeria Valú Ória, vai mostrar que está mais simples.
Essa simplicidade se deve, inicialmente, à forma básica que permeia todo o evento: o quadrado, que se repete em vários trabalhos apresentados na exposição.
Embora mantenha as formas orgânicas e as tramas que marcam toda a sua carreira, vê-se um Hermano mais construtivo. "Quero acrescentar algo ao que Lygia Clark e Hélio Oiticica fizeram pela arte brasileira e dialogar com os minimalistas americanos. Tem um lado lúdico e um lado mais esquemático", disse.
O artista não chega a negar suas raízes nordestinas, mas faz questão de frisar que essa característica é apenas um ponto em sua trama artística e não sua eterna e constante inspiração.
"As pessoas falam muito de artesanato por eu ser cearense. Mas, para mim, estou desenhando mesmo. Essa trama vem da linha, que é uma característica muito forte do meu trabalho. Meu trabalho vem do desenho, que conta uma história por meio da linha. Essa linha apenas ganhou uma terceira dimensão", disse.
Essas novas obras de Hermano não negam, porém, seu prazer com o trabalho manual, o mesmo prazer que, em suas origens nordestinas, abastece um dever religioso (na confecção de ex-votos), uma necessidade cotidiana (a confecção de objetos para uso doméstico) e o prazer lúdico (a confecção de máscaras e adereços de festas populares).
A maioria das obras é confeccionada em cobre. "É uma reminiscência do início de minha carreira, como gravurista. Muitos escultores vêm da gravura. Já trabalhei com madeira, cipó, mas o cobre é nobre e quando envelhece, fica bem bonito", disse, simplifica novamente.
Mesmo as obras mais construtivas, confeccionadas em alumínio, apresentam uma organicidade.
Apesar da frieza e da resistência do material, são maleáveis e desmontáveis, se transformando com o toque do espectador. Podem lembrar miniaturas de obras de Richard Serra ou Donald Judd, mas privilegiam o fazer poético do artista. "Eu tenho essa preocupação em fazer uma arte brasileira, bonita, poética... Quero tentar mostrar uma beleza simples", disse.

Mostra: Luiz Hermano (esculturas)
Onde: galeria Valú Ória (al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.403, tel. 011/883-0173, Jardins)
Vernissage: hoje, às 21h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 13h
Quanto: de R$ 1.000 a R$ 6.000

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