São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997 |
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Martielo Toledo acerta com "caubói-punk"
JACKSON ARAUJO
O mineiro Martielo Toledo abriu a noite e mostrou mais uma vez que a trilha da moda underground ainda é seu caminho predileto. Sua coleção "caubói-punk" é cheia de conceito e identidade, com todos os ícones religiosos e fetiches do imaginário bastante particular do estilista. Assim, a coroa de espinhos de Cristo vira estampa em calças jeans justinhas e curtas e "cock rings" de metal são usados como detalhes em cós de calças e pendurados nos ombros. Na passarela, um casting de amigos, entre eles o próprio estilista de terninho justo, e alguns modelos, encarnaram com displicência e deboche o bandido, o matador e o abutre da inspiração caubói. Os melhores momentos foram a perseguida, interpretada pela modelo Marina Dias num vestido-corselete que deixa as nádegas à mostra, e o xerife com o jeito cool do modelo Henrique Vidal, que encerrou o desfile num cabã de napa cor de fórmica com uma estrela de "strass" na lapela. A citação dos anos 80 vem como um tomara-que-caia de elástico que prende os braços. Pode até ser irônica, mas não agrada. As jaquetas em estilo motoqueiro, com detalhes acolchoados nos ombros, são especiais, assim como a calça de brim lavado com estampa de carcaças de boi retirada de uma revista de caubói. O melhor de Martielo Toledo é a sua ironia e simplicidade. Tecidos pobres, cores feias, barras sem acabamento reforçam a personalidade de sua roupa, feita para jovens ousados e com atitude. O segundo desfile da noite foi o de Jeziel Moraes. Se, por um lado, o estilista afirma sua habilidade em vestir homens de um jeito elegante e bonito de se ver, por outro, derrapa numa imagem indefinida de mulher. Moraes mostrou com desenvoltura uma coleção masculina cheia de cores alegres, belos tecidos, bom corte e acabamento exemplar. Seus paletós de três botões trazem -agora sim- os ombros no lugar. O melhor é o sem mangas, usado com malha de tricô que tem as mangas feitas no tecido do próprio paletó. Mesmo quando propõem suas "loucurinhas", como o tricô de um ombro só e o tomara-que-caia, usados com look minimalista de camisa, gravata e calça da mesma cor, o estilista mostra um homem definido, masculino e corajoso. Outro momento divertido é o tricô com amarração transpassada em estilo "cache-coeur" desfilado pelo modelo Marcos Luko. Para as mulheres, o estilista acerta nas estruturas mais masculinas como os ternos com calças de boca levemente aberta e nos cabãs de couro sintético. Nos vestidos, transparências e sobreposições de brilhos e devorês. A Semana de Moda termina hoje com os desfiles de Annelise de Salles e Marcelo Sommer. Texto Anterior: Gaúcho vai participar Próximo Texto: Jantares antecipam mostra de Monet Índice |
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