São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Bolsa sobe com independência do BC

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

As ações de grandes empresas da Bolsa de Valores de Londres fecharam ontem em alta recorde pelo terceiro dia consecutivo.
O movimento foi uma repercussão da decisão de garantir independência ao Banco da Inglaterra (o banco central britânico) e oposto ao dos outros mercados financeiros europeus, que registraram queda.
"A medida deu confiança aos investidores em nossa política monetária. As pessoas acham que agora a inflação pode ser controlada", disse um corretor da Bolsa.
O ministro da Economia, Gordon Brown, passou anteontem para o Banco da Inglaterra o poder de determinar, independentemente do governo, a variação da taxa de juros, depois de aumentá-la de 6% para 6,25%.
No passado, o governo britânico foi acusado de manipular a taxa para agradar ao eleitorado em vez de tomar decisões econômicas de longo prazo.
Segundo Brown, a medida é a ação mais radical já tomada nos quase 303 anos de existência do Banco da Inglaterra.
A decisão também teve repercussão positiva no Parlamento Europeu, em Bruxelas. "Foi como música para meus ouvidos", disse Alexandre Lamfalussy, presidente do Instituto Monetário Europeu.
Outros dirigentes da UE elogiaram a decisão, considerando-a uma aproximação rumo à adoção da moeda única européia, o euro, em 1999.
A posição do novo governo trabalhista britânico é a mesma dos antecessores conservadores: acompanhar a evolução da unificação monetária do continente para decidir se o país adere a ela.
Apesar disso, autoridades de Bruxelas estão otimistas em relação às possibilidades de negociação com o novo governo.
O premiê Tony Blair nomeou um ministro especial para cuidar da relação com a UE, Doug Henderson. O Reino Unido era o único país da União Européia que mantinha a taxa de juros sob o controle do governo.
A meta inflacionária, porém, continua sendo determinada por Brown. Outros dois países da UE -Itália e Grécia- adotam a mesma política. Os bancos centrais de todos os outros 12 membros determinam tanto a taxa de juros quanto a meta inflacionária.
Os países que adotarem o euro transferirão o controle sobre a determinação da meta inflacionária e da taxa de juros para o Banco Central Europeu.
Apesar da reação positiva, empresários temem novos aumentos da taxa de juros, que podem elevar o valor da libra esterlina em relação a moedas européias. Desde o segundo semestre de 1996, a cotação da moeda subiu cerca de 20%, prejudicando as exportações.

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