São Paulo, sexta-feira, 9 de maio de 1997 |
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Furiosas entram em cena 'Trilogia da Danação' estréia hoje DANIELA ROCHA
A fúria vem da pressa das personagens em atingirem seu ideal, segundo uma das integrantes da Cia. dos Lobos, a atriz Melissa Vettore, que interpreta Chapeuzinho em uma das peças. "Nieva coloca uma lupa nos sentimentos mais podres", disse Antonio Peyri, ator e tradutor. No texto são abordadas noções de danação, culpa, pecado, prazer. Como indica o nome, a "Trilogia da Danação" é um espetáculo composto de três peças curtas, de cerca de 30 minutos de duração. A primeira, "Não é Verdade", é um melodrama de terror da França do século 19. A segunda é "Chapeuzinho Vermelho de Raiva", a continuação do clássico infantil, com Chapeuzinho já adulta e entediada no casamento com um aristocrata, e ainda por cima apaixonada pelo Lobo Mau. Nesse caso, a história infantil passa por uma releitura mordaz. Na última peça, "Paixão de Cachorra", é feito um vaudeville (comédia leve) romântico sobre a prostituta Zoé de Grignon, que vive um mal misterioso, tem uma anomalia que a faz se contorcer, mas que pode mudar sua vida. "Ela descobre que pode encontrar a felicidade assumindo sua aberração", afirmou Marcos Azevedo, que faz sua estréia como diretor. Nas três peças existe a estrutura de triângulos amorosos, e, nos três casos, as mulheres se debulham na tentativa de se libertar das garras da sociedade repressora. "Na primeira peça, existe a beatificação, na segunda, a tarada, e na terceira, a nobre animalesca", disse a atriz Lia Armelin. Outro ponto em comum é que as três histórias são ligadas pela figura do lobo, que sempre aparece. "Existe um toque sobrenatural nas histórias. Por um lado as três peças têm heroínas decadentes, por outro, há algo subversivo, uma pulsão sexual muito forte. A mutação dessas heroínas, a fúria e a animalidade que aparecem no texto contextualizam a relação com o lobo", afirmou Azevedo. Peça: Trilogia da Danação Autoria: Francisco Nieva Direção: Marcos Azevedo Elenco: Cia. dos Lobos Onde: teatro Paulo Eiró (av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro, tel. 011/546-0449) Quando: estréia hoje, às 21h; de qui a sáb, às 21h; dom, às 20h Quanto: R$ 8 Texto Anterior: Górki, um comunista contra o comunismo Próximo Texto: Atores fazem da montagem um reencontro Índice |
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