São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997 |
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"É a tua vida que está em jogo"
CRISPIM ALVES
Apesar de ficar quase 25 horas no cativeiro e passar a madrugada na delegacia, Senise parecia tranquilo. Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista. * Folha - Como você está? Ricardo Senise - Graças a Deus deu tudo certo. Uma coisa eu agradeço imensamente, agradeço e elogio o trabalho dos caras (policiais), que é bom. Eles me trataram muito dez. Foi uma coisa boa. Folha - Como foi a abordagem? Senise - Foi como um assalto normal, mas prefiro não falar sobre isso. Folha - Você tinha medo que eles te matassem? Senise - Você fica com receio. Folha - Eles te ameaçavam? Senise - Ficavam, mas não era aquela ameaça. Você sabe que tá ali e, se acontecer alguma coisa errada, é a tua vida que tá em jogo. Folha - Eles chegaram a te agredir? Senise - Não. Quanto a isso eles foram muito razoáveis. Folha - Em que momento eles avisaram que era um sequestro? Senise - Logo que entraram no carro. Folha - Qual foi a sua reação? Senise - Falei: tudo bem. Folha - Por que eles te escolheram? Senise - Eu era um dos únicos que passava na rua. A rua estava muito vazia. Não sei por qual motivo, não era muito tarde. Dei azar. Estava no lugar errado, na hora errada. Aquela velha história. Folha - Em que momento você sentiu mais medo? Senise - Quando eu entrei na favela. Folha - Você achou que ele iam te matar? Senise - É um abraço, bicho. Dá meia volta, vai para o carro. Ninguém viu nada e eu dancei. A troco do quê? Nossa, não queira nunca passar por isso. Ninguém merece. Meu, você entrar numa boca, sem saber o que vai acontecer a partir dali. Você andando na frente. O cara com a arma atrás. Bom, vamos fazer tudo direitinho, porque a vida é uma só. Folha - Eles gritavam com você? Senise - Eu tranquilizei muito eles. A partir do momento que eles viram que eu estava calmo, eles ficaram calmos. Folha - O que passava pela sua cabeça? Senise - A primeira e única coisa que passa pela sua cabeça, sinceramente, é como sair com vida. Será que vou sair com vida? Folha - Algum dia você pensou que pudesse acontecer isso? Senise - Nunca na minha vida. Porque nunca dei motivo. Folha - Onze horas da noite na rua Bela Cintra nunca mais? Senise - Não, não é bem assim. O que tem que acontecer acontece. Folha - O que os dois merecem? Senise - A Justiça tem que ver. Texto Anterior: O sequestro da Consolação Próximo Texto: Despachante fica 6 h com assaltantes Índice |
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