São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Despachante fica 6 h com assaltantes

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

O despachante Marco Antônio Russo, 38, passou cerca de seis horas, entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem, nas mãos de assaltantes que o forçaram a fornecer sua senha bancária para efetuar saques em caixas eletrônicos.
Ele foi resgatado por policiais após ser abandonado -trancado no porta-malas de seu carro, um Mercedes C-180- por volta da 1h, na rua Rio Pequeno, no Jaguaré (zona oeste de São Paulo).
Segundo Russo, a ação começou às 19h de anteontem, quando ele saía de uma farmácia na esquina das ruas Purpurina e Girassol, na Vila Madalena (zona oeste). Antes de entrar no carro, foi rendido por dois rapazes armados de revólveres, um branco e outro negro, que aparentavam ter entre 16 e 17 anos.
Os rapazes levaram o despachante para uma casa, onde ele teria sido encapuzado. Russo afirmou que ouviu vozes de outros homens. "Acho que havia mais uns quatro caras lá", disse.
Os homens exigiam dinheiro para libertá-lo. O despachante argumentou que seu saldo bancário estava negativo e só poderia sacar até o limite do cheque especial.
Ele forneceu a senha de seu cartão magnético do Banespa, onde os assaltantes fizeram pelo menos dois saques (em caixas eletrônicos). O despachante calcula que R$ 800,00 foram levados.
Os assaltantes ainda queriam que ele revelasse as senhas de seus cartões de crédito. "Mas eu não sabia, não uso cartão de crédito para sacar dinheiro", declarou.
Russo levou coronhadas na cabeça. Os criminosos ainda fizeram "roleta-russa" (colocar uma única bala no tambor do revólver, girá-lo e disparar) com o cano da arma na boca do despachante.
Ele contou que convenceu os assaltantes de que não tinha mais dinheiro. Eles, então, colocaram-no de volta no porta-malas do Mercedes. "Quando pararam o carro, pensei que abririam o porta-malas e me apagariam", relatou.
Ao perceber que o carro havia sido abandonado, o despachante chutou a tampa do porta-malas, chamando a atenção de transeuntes. A polícia foi alertada e o libertou. Os assaltantes também levaram um talão de cheques, o cartão magnético, o pneu sobressalente do carro e uma chave de roda.
O caso foi registrado no 93º DP (Jaguaré). Segundo o delegado titular, José Celso Bastos Nogueira, Russo pode ter sido assaltado porque os criminosos viram em seu Mercedes "um carro chamativo, significativo da existência de dinheiro com o proprietário".
O despachante afirmou que não trocará de automóvel. "Nada vai mudar na minha vida", disse.
(MT)

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