São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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ONU anuncia nova cúpula Mobutu-Kabila

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os líderes em guerra no Zaire terão uma nova chance de chegar a um acordo na próxima quarta-feira, informaram ontem as Nações Unidas. O presidente Mobutu Sese Seko e o guerrilheiro Laurent Kabila vão se reunir a bordo de um barco sul-africano.
Na reunião anterior, no último domingo, não houve acordo. Kabila exige receber o poder imediatamente, mas Mobutu, enfraquecido física, política e militarmente, aceita no máximo entregá-lo a um novo presidente eleito.
Fontes da ONU, segundo a "Reuter", estão desconfiadas em relação à próxima reunião. A anterior aconteceu no litoral do Congo e teve de ser atrasada em dois dias porque Kabila não apareceu na data marcada.
Mas o vice-presidente sul-africano, Thabo Mbeki, encontrou Kabila ontem e saiu otimista. "Ele está disposto a dar uma chance à diplomacia, e achamos que ele não vai levar adiante a campanha militar até o encontro."
A Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo-Zaire se aproxima rapidamente de Kinshasa, a capital, mas está enfrentando resistência das Forças Armadas na cidade de Kenge, 250 km a leste. Desde o começo do avanço militar de Kabila, no ano passado, a resistência do governo tinha sido frágil.
Estima-se que a queda de Kinshasa seja iminente. Ontem, mais um companhia aérea, a belga Sabena, decidiu desviar seus vôos de Kinshasa para a vizinha Brazzaville (Congo). A França pediu novamente a seus cidadãos que deixem o país.
Transição
Mobutu está no Gabão, o que abriu especulações de que ele não volte mais -embora o governo diga que ele desembarca no Zaire até hoje. Mobutu foi a Libreville, capital gabonesa, para uma cúpula com presidentes de outros países da região.
O presidente anunciou que adiou sua volta para receber o vice-presidente sul-africano.
Segundo a emissora norte-americana CNN, Mbeki vai apresentar um plano para um governo de transição: seria escolhido um novo presidente do Parlamento, que, por sua vez, receberia o poder de Mobutu. O presidente do Parlamento é o sucessor constitucional do presidente da República.
Os rebeldes não parecem dispostos a aceitar a transição. Eles reclamaram especialmente da proposta saída da cúpula de Libreville.
Daquela reunião participaram também os líderes do Gabão, Congo, Guiné Equatorial, República Centro-Africana e Chade, mais o chanceler camaronês. A declaração que saiu dessa cúpula é parecida com o eventual plano de Mbeki, isto é, fortalece o papel do Parlamento na transição.

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