São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Veterano volta a Hanói como embaixador

Douglas Peterson representará os EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Chegou ontem a Hanói o primeiro embaixador norte-americano no Vietnã desde o fim da guerra na região. Douglas Peterson, 61, que lutou naquele conflito e foi prisioneiros dos comunistas que a venceram, disse que protagonizava "um momento histórico".
A chegada dele foi uma festa para os americanos que vivem no Vietnã -desde antigos soldados até empresários. Nas ruas que ligam o centro ao aeroporto, trajeto que ainda exibe marcas de bala, crianças usavam adereços com motivos norte-americanos.
O diplomata de carreira Le Van Bang, 50, deveria chegar a Washington também ontem. A troca de diplomatas foi atrasada por questões políticas e legais nos EUA. Ela marca a normalização definitiva das relações entre os dois países.
Peterson disse ao chegar que sua prioridade será traçar o paradeiro de 2.124 norte-americanos ainda dados como desaparecidos na guerra. A participação efetiva dos EUA durou de 1964 a 1973.
Mas o principal ponto das relações entre os países, hoje, é sem dúvida comercial.
Um amplo tratado comercial, disse Peterson, será assinado em breve. Esse é um pré-requisito para que o Vietnã receba o status de Nação Mais Favorecida no campo econômico. A exemplo do que acontece na China, o governo comunista do Vietnã está fazendo reformas de mercado.
As relações entre os dois países foram reatadas em 1995. Em 1994, os EUA haviam rompido um embargo comercial de 30 anos.
A guerra
Há 22 anos e 12 dias, Graham Martin, o embaixador norte-americano no então Vietnã do Sul, deixara a capital, Saigon, de helicóptero, com a bandeira de seu país dobrada debaixo do braço. Era um símbolo da derrota dos EUA para a guerrilha comunista e para o Vietnã do Norte.
Os EUA sofreram cerca de 58 mil baixas na guerra. A retirada norte-americana levou à unificação do país sob regime comunista.
Ao chegar, ontem, Peterson disse que não guarda mágoas por ter passado seis anos e meio como prisioneiro em Hanói. "Não penso em nosso países como antigos adversários, mas como bons amigos", disse. Um representante dos veteranos que estava ontem em Hanói disse que o fato de ele ter sido prisioneiro dá credibilidade a Peterson.
O embaixador foi preso quando seu avião foi derrubado por um foguete, em uma noite de 1966. Segundo relatou depois, sofreu torturas e foi confinado em um úmida cela solitária.

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