São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997 |
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Indignação recheia último texto de Freire
ROGERIO SCHLEGEL
Nas últimas 19 linhas que escreveu, Freire considera inviável "refazer" o Brasil "com adolescentes brincando de matar gente", numa referência à morte do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, provocada por um grupo de jovens de Brasília que atearam fogo a seu corpo enquanto dormia. O fragmento (veja reprodução abaixo) faria parte de "Cartas Pedagógicas", livro que estava preparando e que seria dirigido a pais, professores e "aos meninos também", como disse Freire, embora admitisse que a linguagem dificultaria o acesso deles. O livro estava na terceira carta ou capítulo. O texto foi redigido na terça-feira, 29 de abril, quatro dias depois da primeira internação que sofreu por causa de dores no peito e de um exame que não apontou nada de anormal em seu coração. Foi a última vez que se sentou para trabalhar no escritório de sua casa -um cômodo com paredes forradas de livros, em uma rua calma do bairro do Sumaré (zona oeste de São Paulo). Na noite do dia seguinte, o educador voltaria a sentir dores causadas pelo entupimento de artérias, que o levaria à morte em dois dias. A última página manuscrita ficou sobre a mesa ao lado de um papel em que estava anotado o nome do pataxó morto em Brasília. "Pelo encadeamento, tudo indica que o nome do índio estivesse ali porque seria incluído em um parágrafo seguinte", acredita sua secretária, Lilian Contrera. Texto Anterior: Esquema disque-drogas cresce na cidade Próximo Texto: Leia último texto do educador Índice |
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