São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Viúva do 'homem errado' quer decisão

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A viúva do operário Júlio César de Melo Pinto, conhecido postumamente como o "Homem Errado" no Rio Grande do Sul, não recebeu ainda nenhuma indenização, dez anos depois do marido ter sido confundido com um assaltante de supermercado e morto por policiais militares gaúchos.
Jussara Carneiro de Melo Pinto, 34, espera por uma sentença da 4ª Vara da Fazenda Pública para receber a indenização pela morte do marido, mesmo após 6 dos 8 policiais militares envolvidos terem sido condenados.
O processo permanece em andamento. O Estado, em sua defesa, responsabilizou os policiais como pessoas físicas. Por enquanto, a viúva vive da pensão de um salário mínimo, complementando a sua renda com o aluguel de parte da sua casa.
"O Júlio foi preso por ser negro. O cara vê um negro e pensa que é criminoso. Só de ver a violência da polícia paulista em Diadema, batendo e matando, comecei a chorar", afirmou a viúva, que recebeu assessoramento do Movimento de Justiça e Direitos Humanos e do Movimento Negro.
Às 19h do dia 14 de maio de 1987, Pinto, 30, se encontrava no meio de uma multidão que observava a fuga dos homens que haviam assaltado o supermercado Dosul no bairro Partenon, em Porto Alegre. Epilético, sofreu um ataque e foi pego pelos policiais como sendo um dos assaltantes.
Na época, o secretário estadual da Segurança Pública, Waldir Walter, abriu IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar a atuação de seis policiais envolvidos no caso. De oficiais, apenas o então tenente Sérgio Borges foi preso, sendo libertado em 1995.
Júlio César de Melo Pinto foi inocentado pelo depoimento dos reféns utilizados no assalto, pelos próprios assaltantes e pela sequência fotográfica tirada pelo fotógrafo Ronaldo Bernardi, do jornal "Zero Hora", de Porto Alegre.

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