São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Vale privatizada deve se tornar mais ágil

DA REPORTAGEM LOCAL

A privatização da Vale do Rio Doce deve deixar a empresa mais ágil, facilitando as parcerias e a exploração de novos mercados. Assim as ações da empresa continuam sendo boa opção de investimento, segundo analistas.
Reginaldo Alexandre, analista de investimentos do Unibanco, considera esse ponto muito importante para o futuro da companhia.
"Apesar de a Vale contar com um corpo técnico com independência, a empresa era obrigada a seguir as regras comuns a todas as estatais", diz o analista.
O fato de as estatais serem obrigadas a fazer licitação para qualquer compra faz com que a empresa acabe tendo um estoque de matérias-primas e de equipamentos maior que o necessário, já que uma compra por meio de licitação é sempre mais demorada.
"Como regra geral, a Lei das Licitações é bastante razoável. Mas a Vale era obrigada a imobilizar muitos recursos em seus estoques, o que agora não será mais necessário", afirma Alexandre.
Além disso, a Lei das Licitações tem ainda um outro problema: o critério do menor preço. Com isso, a estatal pode ser obrigada a comprar determinado produto de menor qualidade, pelo fato de ser o menor preço oferecido entre as propostas dos fornecedores.
Administração do caixa
Há ainda o caixa da Vale, que era gerido de acordo com regras estabelecidas pelo Banco Central, sempre usando o Banco do Brasil como intermediário em suas operações no mercado financeiro.
Agora a empresa poderá administrar seus recursos com maior liberdade, podendo inclusive fazer operações como o adiantamento de câmbio, aplicando os recursos em outros ativos, mais rentáveis.
O analista do Unibanco considera ainda que vai tornar mais fácil a formulação de parcerias em setores que a empresa já atua e também na entrada em novos ramos de atividade, no Brasil e no exterior.
Fatiar ou não
A vitória do consórcio comandado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) fez aumentar a especulação de que a empresa pode vir a ser fatiada, com a venda de algumas das coligadas.
Para o analista do Unibanco, isso dificilmente ocorrerá, ao menos nos primeiros meses pós-leilão.
Isso porque os projetos da Vale são, na maioria dos casos, de longo prazo de maturação, incluindo complexas operações de engenharia financeira, com contratos de parceria em quase todos os segmentos em que a empresa atua.
Lucros
Com tudo isso, Reginaldo Alexandre diz acreditar que aumenta a possibilidade de crescimento do lucro, que o Unibanco estimava que deveria crescer 12%, sem levar em conta os efeitos da privatização, ainda de difícil mensuração.
"Independente de quem ganhou o leilão, está mais fácil para a Vale ganhar dinheiro", conclui.
No ano passado, a empresa registrou lucro de R$ 517 milhões.
Enquanto isso, a dívida da Vale está hoje em cerca de R$ 1,7 bilhão, baixa em termos internacionais, considera o analista.

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