São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Saiba já como é o novo do Foo Fighters

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Escuta Aqui" conta hoje, faixa por faixa, como soa "The Colour and the Shape", novo álbum do Foo Fighters, a banda de David Grohl, baterista do finado Nirvana.
O CD sai hoje na Europa e dia 20 nos Estados Unidos.
"The Colour and the Shape" traz uma diferença básica em relação ao primeiro disco. Foi gravado por uma banda de verdade: Dave Grohl nos vocais e guitarra, Pat Smear na outra guitarra, Nate Mendel no baixo e William Goldsmith na bateria (depois da gravação, Goldsmith deixou o Foo Fighters e já foi substituído por Taylor Hawkins).
No primeiro CD, Grohl tocava todos os instrumentos, e a banda só foi formada na hora de excursionar.
"The Colour and the Shape" abre com a estranha "Doll", breve balada com vocais processados, à la Sonic Youth, e violão. Serve mais como introdução para o que vem na sequência, "Monkey Wrench", que já toca muito nos EUA e soa como um Nirvana mais acelerado (característica dominante de todo o CD).
Depois, "Hey, Johnny Park!" se embrenha por uma linha hard rock, de vocais setentistas.
"My Poor Brian" começa com uma coleção de ruídos e deriva para um Foo Fighters clássico, meio bubblegum, meio Nirvana. "Wing Up" vai na mesma linha, com umas paradas de guitarra que devem algo ao Helmet.
"Up in Arms" é uma baladinha que, se o mundo fosse ideal, jamais faltaria em festas de qualquer canto do planeta. A letra, sem grande inspiração, fala de amores rompidos.
Entre tantas faixas que lembram Nirvana, "My Hero" tem destaque. Estranhamente, a bateria soa como se fosse tocada pelo David Grohl dos tempos de "Nevermind". Tem um riff de guitarra melancólico, matador.
"See You" também abre com violão e evolui para mais um rock simpático, meio inexpressivo.
"Enough Space" é ótima, violenta, transborda de guitarras, mas tem aquele problema comum a vários lançamentos recentes de rock: poderia ter sido gravada em 1992.
A longa "February Stars" (4min49s) vem como balada triste, com vocais provavelmente (este texto tem base num CD ainda sem a ficha técnica) divididos entre Grohl e o guitarrista Pat Smear. Clima total de Crosby, Stills & Nash, até que as guitarras chegam e arrebentam tudo.
A estradeira "Everlong" ganha como melhor faixa. Guitarras e vocais no limite do desespero são daqueles que, em fim de noite, fazem chorar. Pena que não dá para entender a letra.
Já quase no final do CD, "Walking After You", outra vez à base de violões, se arrasta por 5min04. Os versos são na linha "não consigo ficar sem você".
Por fim, "New Way Home" nos lembra que estamos ouvindo um disco de rock.
Resumindo: "The Colour and the Shape" é um disco muito bom que nos lembra que o rock pode ter perdido seu papel de "vanguarda", mas continua vivo, bem de saúde, sossegado em algum cantinho aconchegante da indústria pop.

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