São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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POR QUE ESCREVO

"Sou escritora e sou mulher -ofício e condição humana duplamente difícil de contornar, principalmente quando me lembro como o país (a mentalidade brasileira) interferiu negativamente no meu processo de crescimento como profissional. Eu era reprimida, tímida em meio à imensa carga de convenções cristalizadas na época. Penso que a minha libertação foi facilitada durante as extraordinárias alterações pelas quais passou o Brasil desde minha adolescência até os dias atuais.
A arrancada principal coincidiu com a estimulante ebulição, notadamente a partir do suicídio do ditador Getúlio Vargas. Nasci em São Paulo, estudei em São Paulo.
Em meados da década de 40 eu estava na Faculdade de Direito, onde participava de passeatas com um lenço amarrado na boca. Podíamos nos agrupar, mas não falar: a passeata do silêncio. E se até hoje não gosto do ruído de patas de cavalo nas pedras da rua é porque me lembro daquela tarde, quase noite: quando fugíamos da cavalaria, o meu colega caiu nessas pedras..."

Trecho de depoimento da escritora divulgado pelo projeto "O Escritor por Ele Mesmo"

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