São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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'Hora é de consolidar', diz Cunha Lima

DA REPORTAGEM LOCAL

Jorge da Cunha Lima, atual presidente da Fundação Padre Anchieta, é um entusiasta da revitalização da Luz. Ex-secretário de Estado da Cultura, Lima foi um dos primeiros a preparar um projeto para a área.
"Sou positivamente suspeito para falar desse assunto. Tive contatos íntimos com a região, tanto como Secretário da Cultura, quanto na Associação Viva o Centro".
Em 1984, durante o governo Montoro, deu início à Luz Cultural, cujo objetivo estimular e ampliar os usos culturais dos prédios da região.
"Aquela área tem um potencial extraordinário. Na época, havia 43 instituições culturais sem qualquer ligação entre si. Nossa idéia era fazer esse universo renascer e se entrosar. Achamos então um ponto focal: a criação de oficinas culturais", afirma.
Além disso, o projeto tentava se integrar à comunidade. Uma das experiências nesse sentido foi a união de universidade e Polícia Militar. "Fizemos cursos para cabos e sargentos sobre como deveriam lidar com o bairro. Tentamos transformar o policial em agente cultural. Isso em 83, quando o regime militar havia acabado a pouco. A USP deu aulas fantásticas."
Em 1986, a secretaria lançou um guia listando todas as atividades e espaços de visitação encontrando 63 pontos de interesse cultural na região. Com a mudança de governo, o projeto foi interrompido. "No meu projeto nós estávamos recomeçando a conversar com a sociedade. Agora, é hora de consolidar esse trabalho", diz.
Para Lima, um dos pontos fundamentais para que o projeto funcione é investir na excelência de serviços público na região. "Você só decola a partir de projetos grandes. Mas também é preciso garantir limpeza absoluta da área, iluminação intensa, policiamento privilegiado e bom acesso", afirma
Outro ponto importante, na visão de Lima, é a criação de estacionamentos próximas a todas as instituições. "O paulistano não vai a um concerto, às 22h, de metrô".
Ele cita o exemplo de Nova York, onde ocorreu a revitalização da Times Square. "O policiamento em Nova York foi um dos pontos fundamentais para melhorar a área e levar a iniciativa privada de volta."
Ressalta que, para que a entrada do setor privado, também é fundamental a votação, na Câmara Municipal, do projeto de Operação Urbana. "Com mudanças previstas no plano seria mais fácil levar população fixa para a região."
O grande obstáculo, na opinião de Lima, é político. "O mais difícil é o entrosamento das três instâncias. O poder público tem que detonar o processo e o capital imobiliário corre atrás. Senão, o projeto corre o risco de demorar não 10, mas 50 anos para ficar pronto ou até mesmo se deteriorar."'

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