São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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EFEITO DETROIT

Detroit, nos Estados Unidos, tornou-se um símbolo de decadência industrial nos anos 80, quando os automóveis japoneses conquistaram o mercado norte-americano. Nos últimos anos, a mesma cidade deu uma lição de recuperação.
O ABC paulista começa a ser vítima, nos últimos anos, de um processo análogo, por enquanto, apenas à primeira fase da história de Detroit. O sindicalismo combativo, o estrangulamento da infra-estrutura pública do ABC e a guerra fiscal que atraiu muitas indústrias para outros Estados estão entre as causas da desindustrialização dessa região paulista.
A virada ainda está longe, apesar dos esforços empreendidos por lideranças da região desde 1990, quando passaram a se organizar para pensar e propor alternativas de desenvolvimento local. Mas alguns sinais de progresso já são visíveis.
Para começar, o 2º Congresso dos Metalúrgicos do ABC acaba de concluir que, nas palavras de Luiz Marinho, presidente do sindicato, "as greves estão cada vez mais caras, para trabalhadores e para a empresa".
Ainda segundo Marinho, se o ABC faz uma greve, a Fiat (com fábrica em Minas Gerais) aumenta sua participação no mercado e os modelos importados aumentam suas vendas.
É um começo, obviamente insuficiente. Mesmo que a região registrasse um índice zero de greves, há os já apontados problemas, que ultrapassam a esfera de ação sindical.
Parece entretanto cada vez mais evidente que, em lugar dos incentivos fiscais por regiões, ganharão importância crescente nos próximos anos os investimentos em qualificação profissional e em infra-estrutura.
Aliás, o Senado discute agora uma proposta que visa disciplinar a concessão de incentivos fiscais pelos Estados. É um primeiro passo, fundamental para se tentar repetir no ABC a segunda parte da lição de Detroit.

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