São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Reservas particulares têm selva de luxo

SILVIO CIOFFI
DO ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

Notável por possuir 337 das cerca de 4.250 espécies de mamíferos de todo o mundo, a região no sul do continente africano é banhada por dois oceanos e tem diversos climas e tipos de vegetação.
E é na área do Parque Nacional Kruger, um dos principais locais turísticos da África do Sul, que vivem, em estado natural, muitos desses animais.
Localizado a cerca de 500 km a leste de Johannesburgo, a 800 km de Durban, na costa do Índico, e a 200 km a oeste de Maputo, Moçambique, numa latitude semelhante à de São Paulo e na longitude das cidades do Cairo (Egito) e Istambul (Turquia), esse imenso santuário ecológico foi fundado em 1898 por Paul Kruger (1825-1904), presidente da República Sul-Africana (Transvaal).
Próxima do rio Sabi, foi inicialmente chamada de Reserva Sabi e alargada desde então.
Parque nacional desde 1926, o Kruger tem 2 milhões de hectares, situando-se na porção nordeste do território sul-africano, na fronteira com Moçambique.
Nas áreas contíguas ao parque, onde no passado cercas de arame farpado separavam fazendas de gado da área selvagem, reservas particulares ("game lodges") hospedam turistas para safáris fotográficos com toda infra-estrutura.
As cercas de arame foram derrubadas entre 1992 e 1993, permitindo a livre circulação de animais, não só entre o parque e as reservas particulares, mas também entre essas propriedades.
Quando foram removidas, essas cercas eram velhas de 30 anos. E, se de um lado serviram para controlar pestes e proteger o gado que ainda havia na região, de outro impediram que a vida selvagem encontrasse seus caminhos naturais.
Hoje, as cercas não existem mais. Agora a barreira é a do preço cobrado pelos elegantes "game lodges", com diárias de cerca de US$ 800 por casal, incluídos aí, é verdade, guias, rastreadores, jipes, refeições, piscina e bangalôs no estilo dos velhos safáris africanos.
A reserva particular de MalaMala, que existe desde 1927, é apenas uma das propriedades da família Rattray na região. Já a de Sabi Sabi, da família Loon (veja entrevista abaixo), é menor e mais recente, mas igualmente sofisticada.
Em qualquer desses "game lodges", nas noites enluaradas, os hóspedes jantam na fogueira acesa dentro do "boma", trançados de bambu erguidos ao redor de uma árvore imponente, estrutura que no passado foi usada para proteger os fazendeiros e o gado.
Mulheres da etnia shangaan, a mesma dos rastreadores ("trackers"), dançam durante o jantar.
Nos dias de sol -há muita chuva em outubro-, o programa é sacudir dentro de um jipe sem capota para observar e fotografar bandos enormes de antílopes, girafas, zebras e uma infinidade de animais.
Há quem diga que o safári fotográfico só é completo se você enfocar os "cinco grandes": leão, leopardo, búfalo, rinoceronte e elefante. Alguns hóspedes preferem anotar cuidadosamente nas cartelas fornecidas pelos "game lodges" os diversos mamíferos e pássaros que o passeio revela.
As principais reservas particulares sul-africanas para esses safáris ficam próximas do aeroporto de Skukuza, que dista uma hora de vôo de Johannesburgo num avião turboélice europeu ATR, operado pela Comair (da British Airways).
Mas corajoso mesmo é quem vai de carro -o Parque Nacional Kruger é aberto à visitação, impondo regras severas ao visitante que passa por seus portões.
Cuidados especiais
Quem explora o parque de carro deve obedecer estritamente o que o documento fornecido na entrada do parque, em Skukuza, determina a respeito de horários, alojamento, tratamento do lixo etc.
Nos "game lodges" a visita é orientada, e os safáris de jipe são realizados três vezes ao dia. O costume é trajar roupa cáqui (que pode ter tonalidades do bege até o verde ou marrom), bermudas e meias compridas, camisas de mangas longas -que evitam o contato com os espinheiros-, boné e sapatos confortáveis.
Filtro solar e óculos escuros podem ser úteis com sol forte. Como venta no jipe em movimento, também é bom levar protetor labial.
Para fotografar, convém vestir um colete com bolsos que acomodem muitos rolos de filme, baterias, a lente normal do equipamento (35 mm ou 50 mm) e uma teleobjetiva de mais de 200 mm.
Filtros do tipo polarizador são bons para o dia e acentuam as cores das fotos. De noite, o flash pode ser usado com alguns animais -os "rangers" dizem quais.
Também não é recomendável levantar dentro do jipe, nem colocar os braços para fora. Os animais estão acostumados com os veículos, mas sentem-se ameaçados com movimentos bruscos.
Os jipes têm um rifle que é manejado apenas em caso de extrema necessidade pelos "rangers".
Na reserva particular de Sabi Sabi, o rastredor ("tracker") senta numa cadeira instalada sobre o capô do jipe. Em MalaMala, eles ficam suspensos na parte traseira do veículo.

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