São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997 |
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'Mais jipes causariam mais danos', diz Jacqui Lonn
SILVIO CIOFFI
A área contígua à do parque Kruger tem outras reservas particulares. MalaMala e Sabi Sabi (esta representada no Brasil por Judy Amar, tel. 011/522-1146) são as mais conhecidas. A primeira tem 45 mil acres; já a Sabi Sabi ocupa área de 17 mil acres. (SC) * Folha - Quando vocês adquiriram a Sabi Sabi, ela já funcionava como "game lodge"? Jacqui Loon - Sim, e isso foi há 17 anos. Mas compramos uma terceira reserva, a Selati, há quatro anos. E, se cada uma das reservas tem seu encanto, no caso da Selati, com sete chalés decorados no estilo africano, leva-se uma vida rústica, com atmosfera romântica. Localizada nas proximidades da linha do trem que vai a Moçambique, a Selati é despojada e, apesar de não ter eletricidade, é mais cara. Folha - E as propriedades de Busch Lodge e River Lodge, têm qual infra-estrutura? Loon - A distância entre ambas é de 10 km, mas a proximidade que o Busch Lodge tem do rio o faz mais rico no aspecto ecológico. No Busch Lodge podemos acomodar 54 pessoas em 23 quartos -4 deles são suítes. Trabalham lá 14 "rangers", que são os guias que dirigem os jipes e orientam os visitantes. Já o River Lodge tem 21 quartos, um deles é suíte, além de uma casa para quatro pessoas que tem seu próprio jipe Land Rover e "ranger" exclusivo. O Selati tem sete chalés e terá seu oitavo em breve. Acomoda até 14 pessoas e três "rangers". Ao todo, os três campos têm 180 empregados -50 deles são brancos- e mesmo meus filhos Marc, de 27 anos, e Rail, de 24, já trabalharam como "rangers". Temos ainda 16 jipes Land Rover. Folha - E qual é a filosofia dos "game lodges" de Sabi Sabi? Loon - Nossos "lodges" são casas na selva, não hotéis formais. Queremos propiciar uma experiência completa de safári -e não enfatizamos (como faz o MalaMala) a concessão de certificados para quem vê os "cinco grandes". Queremos mostrar que há um equilíbrio ecológico atrás da observação dos animais e da natureza, que os pássaros e as plantas também são importantes. Folha - Os jipes do Sabi Sabi entram menos na mata do que os de MalaMala. Por que isso ocorre? Loon - Nossos "rangers" são orientados a sair da estrada quando há a chance de ver um animal raro, um dos "cinco grandes". Não queremos estragar a natureza, e é esse tipo de atitude que trouxe ao Sabi Sabi políticos como Helmut Kohl e Mário Soares, o tenista John McEnroe e até equipes de basquete da NBA. Folha - O que é preciso para se tornar um "ranger"? Loon - Dezenas de pessoas sonham com isso, mas de todos os que entrevistamos, apenas 10% estão aptos para essa tarefa. Fazemos o treinamento três vezes por ano, e os pretendentes tomam contato com a vida selvagem por dez dias. Depois, os escolhidos ficam três meses dentro do jipe de um "ranger" experiente. Há ainda um curso de três noites e quatro dias que custa 750 rands. Para frequentá-lo, é preciso ter mais de 12 anos. Nele, os visitantes aprendem desde dirigir o jipe em terrenos acidentados até a atirar. Folha - Vocês têm planos de expansão das reservas? Loon - Não há nada de concreto. Já pensamos em fazer um "game lodge" na Zâmbia. Estamos mais preocupados com a preservação do que com a expansão -e mais jipes significam mais danos à natureza. Nosso preço é alto. Isso impede que a ocupação seja enorme e cause impacto. Em vez de mais quartos, queremos ajudar as comunidades da região. Trazemos líderes locais, que assim entendem melhor o nosso trabalho. Folha - Qual a nacionalidade dos visitantes? Loon - Recebemos mais alemães e ingleses, depois italianos e franceses. O restante vem da Ásia e da América. A ocupação anual é entre 75% e 80%. Texto Anterior: Reservas particulares têm selva de luxo Próximo Texto: Kruger também propicia safári sem arma Índice |
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