São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Segregação sobrevive em Johannesburgo

CLÁUDIA PIRES
ENVIADA ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

A política pós-apartheid ainda não conseguiu afastar os contrastes e a segregação racial das principais cidades do país.
Johannesburgo é um exemplo claro disso. A cidade convive com bairros ricos, de maioria branca, e bairros pobres e negros, como Hillbrown. Nessas condições, andar pelas ruas não é muito seguro.
Além das diferenças sociais e econômicas entre os próprios sul-africanos, a cidade está inchada, cheia de imigrantes do norte da África, que fogem de guerras e da fome e estão em busca de trabalho.
O país tenta lutar contra isso e investe nos direitos humanos. Na penúltima semana de março, os sul-africanos comemoraram sua primeira semana dos direitos humanos, que terminou em feriado.
Nessa semana, palestras, discursos e manifestações foram feitos para protestar contra resquícios da política racista e exigir mudanças.
Mesmo com todo esse esforço, o que se vê é o crescimento da pobreza, com aumento das favelas e dos cortiços, e pessoas pedindo esmola nos faróis. Mas nada que espante muito um turista brasileiro.
Cultura
É em Johannesburgo, no entanto, que as atividades culturais têm maior destaque em todo o país.
O Museu Africano documenta a cultura típica do continente, narra a história da colonização e do apartheid e tem espaço para espetáculos teatrais e de dança.
A Galeria de Arte de Johannesburgo mistura trabalhos locais com os de artistas consagrados, como Rodin e Picasso.
Quem quiser comprar boas peças por preços baixos pode procurar os diversos "flea markets" (mercados das pulgas).
Nesses mercados, a lei é pechinchar. Nunca aceite o primeiro preço anunciado pelos vendedores. Grande parte deles já está esperando uma contraproposta que, na maioria dos casos, é aceita.
Esses locais são ideais para quem busca peças de tapeçaria, escultura, colares e outros adereços típicos da região.
Outra alternativa para quem está na cidade é visitar as minas de ouro. A mais conhecida e visitada pelos turistas é a Gold Reef City.
Lá, uma velha mina de ouro funcionou como gancho para a construção de um verdadeiro parque de diversões.
Ao redor da mina, que data do início do século e foi desativada há 20 anos, é possível encontrar brinquedos, bares, restaurantes e lojas.
Mas o melhor do passeio é descer os 250 metros permitidos ao turista e descobrir como se retirava ouro há mais de 40 anos. Essa mina tem mais de 2.500 metros de profundidade e ainda possui o metal.
Segundo os guias locais, a retirada teve de ser interrompida porque não era mais operacional.
Isso significa que os custos para retirar o ouro não cobriam o valor do metal, que vem caindo muito nos últimos anos, no mercado internacional. Nesse caso, o turismo pode render muito mais.
A indústria mineira é a mais forte do país. A África do Sul é o maior produtor mundial de ouro, com volume anual de 600 toneladas.
Essa produção é exportada para mais de 80 países, Brasil entre eles. Outros produtos exportados são a platina, o carvão e os diamantes.
A comercialização dessa produção foi responsável por 8,7% do PIB do país em 1994.
A mineradora sul-africana que tem despertado maior interesse entre os brasileiros nos últimos meses é a Anglo American.
Ela é uma das maiores mineradoras do mundo e participou do consórcio derrotado no leilão da Companhia Vale do Rio Doce.

Museu Africano - 121 Bree street, tel. local (011) 883-5624, aberto de segunda a sábado, das 9h às 17h.
Galeria de Arte de Johannesburgo - Foubert park, tel. local (011) 725-3130/3180, aberto de terça a domingo, das 10h às 17h.
Gold Reef City - Informações pelo tel. local (011) 496-1600, aberta de terça a domingo das 9h30 às 11h.

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