São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Soweto procura dar dignidade à miséria

JOANA BRASILEIRO
DA ENVIADA ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

A expectativa dos brasileiros que visitam o bairro de Soweto é encontrar uma miséria pior ou igual à das favelas de Rio e São Paulo.
Na entrada de Soweto, os restos de uma base militar, com uma soturna guarita, dão uma vaga idéia de como era o lugar nos anos do apartheid e de qual era função daquele forte na entrada do bairro.
Ao lado do hospital, a presença de uma usina nuclear impressiona pela proximidade com as áreas de maior concentração populacional.
Logo depois, uma faculdade não combina com a paisagem.
As peruas são o principal meio de transporte coletivo local. Muitas estão escangalhadas. A corrida custa 1 rand. Não há indicação de destino. Quem quer ir para Johannesburgo aponta o dedo indicador para cima, e quem quer ir a Soweto, para baixo.
O que mais impressiona, e frustra, o brasileiro é a constatação que 90% das casas, simples e sem infra-estrutura, se parecem com subúrbios de classe média no Brasil.
Soweto não se compara aos vastos bolsões de miséria que existem no Brasil, em especial nas grandes cidades. O pior do local se assemelha às nossas favelas, mas não representa nem um décimo da área.
Ao redor de Soweto, há construções novas, os Cingapuras locais. Casinhas térreas, todas com o mesmo estilo, comparáveis a casas de classe média em São Paulo.

Texto Anterior: Vila mostra os costumes das tribos
Próximo Texto: Winnie dirige creche local
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.