São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Só 14% dos livros "passam" no MEC

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Só 14,5% dos livros didáticos avaliados pelo Ministério da Educação foram abonados pela comissão de especialistas que analisou a qualidade dos livros que serão distribuídos em 98 para alunos da 1ª à 4ª série das escolas públicas.
Esses livros foram aprovados sem nenhuma restrição e receberam três ou duas estrelas na classificação do Guia de Livros Didáticos. O guia será distribuído a todas as escolas públicas e orientará os professores na hora de escolher que livros adotarão em 98.
Foram inscritos 454 livros de ciências, matemática, português e estudos sociais. Desses, 76 foram reprovados porque continham erros de conceitos ou alguns tipo de discriminação (de raça, classe social ou religião).
Outros 101 foram recomendados com ressalvas e receberam uma estrela. Os avaliadores consideraram que esses livros apresentam qualidades e acertos suficientes, embora possuam alguns problemas.
Como não tinham erros graves, tiveram de ser incluídos no guia. Mas o objetivo do MEC é induzir os professores a escolher apenas os livros estrelados.
Para isso, terá início na próxima semana campanha na TV e no rádio ensinando o professor a usar o guia e apontando a importância de escolher livros recomendados.
A própria confecção do guia foi pensada de modo a induzir os professores a escolher os livros que o MEC considera bons. Os livros aprovados, mas não recomendados, só aparecem a partir da página 409 do guia, atrás de todos os outros estrelados.
Uma nota do MEC avisa aos professores que, se optarem por esses livros, precisarão fazer correções e atualizações para complementar o conteúdo das obras.
Para 98, o MEC promete endurecer ainda mais a avaliação, excluindo do guia os livros não recomendados. Só os livros que estão no guia podem ser escolhidos por professores das escolas públicas.
Para o ministro Paulo Renato Souza (Educação), o nível dos livros didáticos "está melhorando", mas ainda não é satisfatório.
Em 96, o MEC classificou os livros com duas, uma ou nenhuma estrela. Mas só 25% dos 41 milhões de livros escolhidos pelos professores eram estrelados.
Os professores escolhem livros não recomendados porque as editoras fazem lobby direto junto a eles para que escolham seus livros.
O lobby das editoras é simples: elas mandam exemplares dos livros que querem transformar em best-sellers aos diretores das escolas e -no caso de cidades pequenas- aos secretários municipais da Educação, apostando na eficácia da divulgação boca a boca.

LEIA a lista dos livros aprovados e reprovados na página 2

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