São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997 |
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Critério valoriza nova pedagogia
FERNANDO ROSSETTI
A questão é que a própria existência das cartilhas contradiz as noções mais modernas de como se deve ensinar a ler e a escrever. Há pelo menos duas décadas se mostra que o acesso ao mundo da leitura e escrita ocorre mais pelo contato da criança com textos reais (histórias, artigos de jornais, bulas de remédios) do que pelo ensino das "partes" das língua (letras, sílabas, palavras). "A questão é mais complexa do que o livro ser bom ou ruim. Cada livro tem uma proposta de ensino. Quando você tem um pseudotexto ou um texto bobo, você enfatiza uma abordagem mecânica da escrita", diz Telma Weisz, que coordenou a área de língua dos Parâmetros Curriculares Nacionais. O MEC valorizou na avaliação dos livros de português o uso de textos integrais, no lugar de fragmentos tipo "Ivo viu a uva", presentes em muitas cartilhas. Em matemática, ciências e estudos sociais também é marcante essa orientação de que os materiais didáticos devem relacionar o conteúdo ao cotidiano do estudante. "Os critérios refletem uma proposta pedagógica. Mas não foram recomendados livros de apenas uma linha -como o construtivismo- e sim os que se baseavam em determinados princípios", afirma Maria Alice Setúbal, do Cenpec, que fez as resenhas do guia. Para Nelson Pretto, da Universidade Federal da Bahia, o risco é o guia virar uma espécie de bíblia. "O professor é que têm que ser capacitado para avaliar os livros." Texto Anterior: Só 14% dos livros "passam" no MEC Próximo Texto: Exemplos de erros encontrados nos livros reprovados Índice |
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