São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Paula Thomaz vai a júri hoje tentando a absolvição

FERNANDA DA ESCÓSSIA
SERGIO TORRES

FERNANDA DA ESCÓSSIA; SERGIO TORRES; CRISTINA RIGITANO
DA SUCURSAL DO RIO

Estratégia que a defesa vai usar é considerada arriscada

Paula Nogueira de Almeida Thomaz, 23, acusada pelo homicídio de Daniella Perez, vai a julgamento hoje com uma estratégia defensiva arriscada -o "tudo ou nada".
O advogado de Paula, Carlos Eduardo Machado, pretende comprovar diante do júri que a testemunha de acusação Hugo da Silveira mente quando diz ter visto Paula no local onde a atriz Daniella Perez foi assassinada.
"Vamos mostrar no julgamento que o Hugo da Silveira não viu a Paula", disse Machado.
Paula é acusada de participação na morte da atriz Daniella Perez, ocorrida na zona sul do Rio em 28 de dezembro de 1992.
A defesa anuncia que manterá a tese de negativa de autoria, sustentada desde o início do caso. A estratégia é criticada por criminalistas experientes do Rio.
"A defesa de Paula foi para o tudo ou nada. Se tivesse confessado, ela teria o atenuante da gravidez", disse à Folha um advogado que acompanha o caso desde o início.
"Não tenho dúvidas de que após a defesa vamos comprovar que a prova contra a Paula é inverídica", disse Machado. Se assumisse uma suposta participação no crime, Paula poderia alegar ter agido sob violenta emoção: estava grávida e temia perder o marido.
A alegação tiraria da promotoria a oportunidade de acusá-la de homicídio praticado por motivo torpe, o que diminuiria a pena final.
"Não haverá modificação na tese da defesa. Há quatro anos a defesa tem afirmado que Paula Thomaz estava no Barrashopping na noite do crime. Ela é inocente e será absolvida", disse Machado.
Paula responderá pela mesma acusação dirigida ao ex-marido: homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e sem dar à vítima chance de defesa). Em janeiro passado, Guilherme de Pádua foi condenado a 19 anos de prisão pela morte de Daniella.
Se condenada, poderá pegar de 12 a 30 anos de prisão. Com pena igual ou inferior à de Pádua, Paula terá o direito de pedir à Justiça a decretação de prisão semi-aberta.
Presa desde janeiro de 93, ela já cumpriu na cadeia um sexto da pena, o que lhe permite requerer o benefício. Se condenada a 20 anos ou mais, pode pedir um novo julgamento, conforme a lei.
Há no fórum do Rio a expectativa de que sua pena seja um pouco menor que a de Pádua, já que ela, na época, tinha menos de 21 anos.
Como Pádua, Paula irá a júri popular (sete jurados sorteados na hora) presidido pelo juiz José Geraldo Antônio. O julgamento está marcado para começar às 13h no plenário do 1º Tribunal do Júri.
Os promotores José Piñeiro Filho e Maurício Assayag pedirão sua condenação. Piñeiro Filho disse que a defesa de Paula tem usado "pretextos para adiar o julgamento". Até o início da noite de ontem, não havia pedido de adiamento.

Colaborou Cristina Rigitano, do NP

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