São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Provas frágeis serão armas da defesa

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Uma confissão sem assinatura e um reconhecimento por fotografia de jornal são os indícios que mantêm Paula Nogueira de Almeida Thomaz presa há quase quatro anos e meio.
Paula Thomaz, 23, sempre negou a acusação de envolvimento na morte da atriz Daniella Perez. Contra ela, há os depoimentos do advogado Hugo da Silveira e de quatro policiais civis.
O advogado Silveira, 64, afirma ter visto Paula no local onde Daniella foi assassinada. Os policiais dizem que Paula confessou ter participado do crime, em um depoimento informal.
O reconhecimento e a suposta confissão são contestados pela defesa da acusada, mas em nenhum momento do processo o Judiciário se mostrou favorável às argumentações. Paula foi mantida presa.
A defesa afirma que a testemunha Silveira caiu em contradições nos depoimentos prestados ao longo do processo.
Na madrugada de 29 de dezembro de 1992, horas após o crime, Silveira disse na 16ª DP (Delegacia de Polícia) que "pareceu" ter visto um casal em um dos carros.
No termo de declarações tomado pelo delegado Cidade de Oliveira, Silveira ainda afirma que o fato ocorreu em "uma rua escura, sem iluminação".
No dia 6 de janeiro, Silveira voltou à delegacia para um segundo interrogatório. Ele disse, na época, que, com a ajuda do farol do carro onde estava, viu um casal dentro de um Santana.
Foto no jornal
Silveira descreveu a mulher como jovem, de "rosto redondo, com cabelos escuros, parecendo ondulados na parte de cima". A testemunha afirma não ter visto o rosto do homem.
No depoimento, Silveira diz que reconheceu a mulher que vira no carro em fotografia publicada no jornal "O Globo". A foto era de Paula Thomaz.
Em nenhum momento foi feito um reconhecimento formal entre a testemunha e a acusada.
A defesa também contesta a suposta confissão informal prestada por Paula ao delegado Newton Lopes, ao inspetor Nélio Machado e aos detetives Nelson dos Santos e Valdir Andrade.
Paula teria confessado primeiro a Valdir Andrade, ainda em sua casa, na zona sul do Rio.
Informado por telefone, o inspetor teria orientado o detetive a trazê-la para a 16ª Delegacia de Polícia. Dentro de um carro policial estacionado no pátio da delegacia, Paula Thomaz teria confessado uma segunda vez, na frente dos quatro policiais.
A confissão não chegou a virar documento. Os policiais dizem que liberaram Paula porque ela estaria passando mal, por causa da gravidez.

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