São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Os personagens do julgamento

- O condenado
Guilherme de Pádua Thomaz, 27
Natural de Minas, veio para o Rio na década de 80 para seguir a carreira artística. Contratado pela TV Globo em abril de 1990, ganhou seu primeiro papel de destaque na novela "De Corpo e Alma", quando contracenou com Daniella Perez. Escreveu um livro sobre o caso, cuja circulação está proibida. Em seu julgamento, reproduziu a história contada no livro, chegando a "encenar" algumas situações

- A vítima
Daniella Perez
Assassinada aos 22 anos, era filha da novelista Glória Perez, autora da novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, em que interpretava o papel de maior destaque de sua curta carreira, Yasmin. Ela formava um par romântico com o ator Guilherme de Pádua. Daniella começou a dançar aos 5 anos de idade e iniciou carreira artística aos 18 anos. Três anos antes de ser morta, apareceu pela pela primeira vez na televisão, como uma das dançarinas da novela "Kananga do Japão", da Rede Manchete. Era casada com o ator Raul Gazzola

- A ré
Paula Thomaz, 23
Filha única de jornalistas empregados no serviço público federal, Paula sempre viveu na zona sul carioca. Teve infância e adolescência típicas de menina de classe média carioca. Conheceu Guilherme de Pádua aos 16 anos e se casou com ele dois anos depois. Quando foi presa, estava grávida. Na prisão, teve o filho Felipe, separou-se do marido, concluiu o 2º grau e foi aprovada em vestibular para direito. A Justiça não a autorizou a cursar a Universidade Salgado de Oliveira, em São Gonçalo (20 km do Rio)

- A mãe da vítima
Glória Perez, 47
Novelista, a mãe de Daniella Perez escrevia, na época do crime, a novela "De Corpo e Alma", em que a filha atuava. Em sua última novela, "Explode Coração", incluiu na trama mães verdadeiras de filhos desaparecidos. Destacou-se ao acompanhar de perto as investigações do crime. Liderou um grupo de artistas na coleta de 1,3 milhão de assinaturas para um projeto de lei popular classificando o homicídio qualificado como crime hediondo

- Juiz
José Geraldo Antônio, 55
Titular do 2º Tribunal de Justiça do Rio, é responsável por dois outros rumorosos processos judiciais em tramitação: os das chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Condenou Guilherme de Pádua a 19 anos de prisão, em janeiro

- Promotor
José Muiños Piñeiro Filho, 40
Lotado no 2º Tribunal do Júri, também atua nos casos das chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Piñedo conseguiu a condenação de dois réus da Candelária e pediu a absolvição de três outros acusados. É ele quem apresenta aos jurados a tese do Ministério Público, que incrimina a ré. Os contatos com o juiz e o advogado de defesa são feitos por ele

- Assistente de acusação
Arthur Lavigne, 55
Secretário estadual de Justiça durante o governo de Nilo Batista, Lavigne foi convidado pela novelista Glória Perez, mãe de Daniella, para auxiliar os promotores designados pelo 2º Tribunal

- Promotor
Maurício Assayag, 38
Também lotado no 2º Tribunal do Júri, divide com José Muiños Piñeiro a acusação nos três processos (Daniella Perez, Candelária e Vigário Geral). Mais reservado, costuma deixar para Piñeiro a atribuição de falar aos jurados

- Advogados de defesa
Carlos Eduardo de Campos Machado, 36
Com 13 anos de advocacia criminal, fará, no caso Daniella Perez, seu primeiro júri como principal advogado de um réu. Defende Paula desde sua prisão, em 92. Dividiu esse trabalho com o pai, Ronaldo Machado, que morreu em agosto de 95. Carlos Eduardo graduou-se pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 83 e tem mestrado em Criminologia e Justiça Criminal pela Universidade de Londres. É advogado do ex-presidente da Assembléia Legislativa José Nader, acusado de falsificação de documentos. É casado e tem um filho

Augusto Thompson
Considerado um dos mais competentes criminalistas em atividade no Estado, Thompson participa da defesa de Paula indicado pelo advogado Evaristo de Moraes Filho, morto em abril deste ano. Thompson foi colega de faculdade de Moraes Filho. Na defesa de Paula, caberá a Thompson a sustentação oral, já que Carlos Eduardo Machado não é considerado bom orador. Thompson mora em Resende (município a 160 km do Rio). Há um ano ele se dedica ao estudo do processo da morte de Daniella. No júri, Thompson deverá tentar desmoralizar o reconhecimento da testemunha Hugo da Silveira e os depoimentos de policiais que dizem ter ouvido uma confissão informal de Paula

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