São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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As três versões para o crime

- Versão de acusação
Guilherme de Pádua, no Santana do sogro, fecha Daniella Perez quando ela saía do posto Alvorada, onde tinha ido abastecer o carro depois de deixar os estúdios Tycoon. Daniella sai do carro e Pádua lhe dá um soco no rosto e a coloca desmaiada no Santana. Paula Thomaz, que estava no Santana, dirige o carro de Daniella. Os dois vão até o local do crime, um terreno, matam Daniella ainda dentro do carro, provavelmente com um punhal, e a colocam onde foi encontrada. Depois, levam o carro ao posto Nova Ipanema para lavá-lo.

- Versão de Pádua
Ao acabar a gravação, Daniella pede a Pádua para conversar com ele. Os dois tinham um caso, mas ele não queria mais "ficar" com ela por causa da gravidez da mulher. Pádua vai até o carro, onde Paula tinha ficado, para tentar dispensá-la, mas ela insiste em ir escondida junto para saber se ele não tinha mesmo um caso com a atriz. Pádua concorda. Daniella marca o local do encontro, um terreno baldio na Barra. Quando os dois estão lá, Paula sai do esconderijo e passa a brigar com Daniella. Para proteger a mulher, grávida, Pádua dá uma gravata na atriz. Ela cai e ele acha que ela está morta. Com medo, tenta adulterar a placa do carro. Enquanto isso, Paula mata a atriz com uma tesoura que estava no carro.

- Versão de Paula
À tarde, Paula Thomaz e Guilherme de Pádua vão até o Barrashopping e ela combina ficar lá desde até as 21h30, vendo vitrines. Pádua vai buscá-la às 22h, mas não conta nada sobre o crime. Ela só fica sabendo que foi o marido quando ele é levado para a delegacia no dia seguinte.

- Prontos obscuros
. A arma do crime
Nunca foi encontrada nem mesmo definida
Segundo Pádua, foi uma tesoura, que foi jogada por ele no mar
Segundo a polícia, tratava-se de um objeto perfurocortante
A polícia chegou a apreender uma tesoura na casa de Pádua, mas ela foi descartada por ser muito grossa
Acusação diz que foi um punhal, o que demonstraria premeditação
Em confissão informal à polícia, Paula teria dito que deu um golpe com uma chave de fenda, que não perfurou a pele da atriz, e então Pádua teria usado uma tesoura
O legista Nelson Massini, que analisou as fotos do laudo, disse que foram usados dois instrumentos, que não eram cortantes, como chave de fenda ou tesoura fechada

. Presença de Paula no local do crime
Paula diz que estava no Barrashopping
Pádua diz que Paula estava com ele e que foi ela quem deu os golpes
O advogado Hugo da Silveira, que desconfiou dos carros estacionados no terreno, anotou as placas e chamou a polícia, diz que Paula estava dentro do Santana, no banco do carona, junto com um homem que não pôde reconhecer. "Só se for irmã gêmea dela", disse

. O romance
Pádua afirma que vinha tendo um romance com Daniella
Amigos e família negam que houvesse envolvimento entre os dois

. O soco
Os dois frentistas dizem ter visto Pádua dar um soco em Daniella, que teria desmaiado. Daniella tinha uma marca no rosto, mas o legista Nelson Massini, consultado pela Folha, diz que não seria suficiente para fazê-la desmaiar
Pádua diz que Daniella tinha levado um soco do marido

. O lençol e o travesseiro
O porteiro Cesarino Nascimento, que trabalhava no prédio onde Paula e Pádua moravam, diz que viu o casal sair com um lençol e um travesseiro por volta das 20h
Paula diz que eles saíram muito mais cedo, e que usava o travesseiro porque tinha dores nas costas e o lençol para esconder um rádio que Pádua usava para ouvir música, porque o rádio do carro estava ruim

. O local do crime
A acusação diz que o crime aconteceu dentro do Santana
Pádua diz que Paula deu os golpes no local onde a atriz foi encontrada
O legista Nelson Massini, analisando as fotos do laudo, diz que a atriz chegou consciente ao terreno
Não foram encontradas grandes manchas de sangue no local; legistas explicam que o sangue pode ter ficado dentro do corpo de Daniella, como no caso PC
Nas primeiras investigações, a polícia diz ter achado um pouco de sangue no carro, possivelmente causado pela arma do crime
A acusação diz que Pádua mandou lavar o carro; o frentista Antônio Moraes, do posto Nova Ipanema, diz ter tirado grande quantidade de sangue do carro que Pádua usava, usando querosene
A acusação tentou juntar aos autos relatório dizendo que o querosene pode não deixar marcas. A perícia no carro não encontrou sangue nem de querosene.

. O dinheiro
A família de Daniella diz que ela levava US$ 6.000 na bolsa, que seriam usados para pagar a prestação de um carro importado

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