São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Voto à venda; Enfoque injusto; Súmula vinculante; Prazo excessivo; Sinceridade; Quero o meu; Crítica improcedente

Voto à venda
"Espero que a Folha, bem como os demais veículos de comunicação, inclusive seus cronistas políticos, batam firme nos deputados que venderam seus votos; mas batam muito, muito mais firme nos compradores, não esquecendo do principal interessado.
A manchete deveria ser: 'Presidência compra votos', e não 'Deputados vendem votos'. Ou imaginam que acreditemos que o presidente e seus principais assessores não sabiam de nada?"
Luís Carlos Guedes Pinto, professor do Instituto de Economia da Unicamp -Universidade Estadual de Campinas (Campinas, SP)
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"Parabéns à Folha pela excelente reportagem 'Mercado de voto' (13/5). Começamos a conhecer os nomes dos políticos que frequentam a sauna do ministro Sérgio Motta."
Linneu Arantes Bueno (São Paulo, SP)
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"Acordar cedinho, cheio de amor no coração, ver na primeira página a cara do deputado Ronivon Santiago e imaginar que só naquele pequeno festivam de baixarias de cinco ou seis deputados e governadores (AC e AM) foi algo acima de R$ 1 milhão dos cordeiros brasileiros é um verdadeiro desafio para mim: tenho que programar o dia todo de ioga e exercícios espirituais para dominar a indignação e revolta que sinto contra nossos belíssimos políticos."
João Alfredo de Paiva (Curitiba, PR)
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"Quer dizer que os governadores acusados de 'compradores de votos', srs. Orleir Cameli (Acre) e Amazonino Mendes (Amazonas), encontraram-se várias vezes com FHC fora da agenda oficial, inclusive na véspera da votação da reeleição.
Caro leitor, qualquer semelhança com fatos e nomes não é coincidência."
Claudio F. Negrão (Santos, SP)

Enfoque injusto
"É profundamente injusto o enfoque dado aos 'teens' pelos editores.
Mostrem também o outro lado da moeda -jovens saudáveis e felizes que não se envolvem com sexo promíscuo (antes do casamento), drogas, álcool, liberalidades que nada somam ao caráter humano.
A maioria dos jovens brasileiros está do outro lado enfocado pelo Folhateen. Vocês estão cegos? Qual a fonte de referência? Pensem no tamanho do Brasil e no grande alcance da Folha!
Chega de jornalismo dirigido. Olhem por onde vocês vão 'empurrar' os menos avisados que pensam que isso é assim mesmo e normal!"
Afonso de Oliveira Andrade (Lavras, MG)

Súmula vinculante
"Talvez esteja na contramão dos que defendem a liberdade de julgar absoluta, em primeira instância, entretanto acredito que até para nós, advogados, um mínimo de previsibilidade da Justiça é forma de garantir a dignidade dos jurisdicionados.
Como sugestão para viabilizar a chamada 'súmula vinculante', urge que a mesma aconteça após a lei ter sido interpretada por pelo menos 1/3 dos juízes de primeira instância e confirmada pelos tribunais imediatamente superiores."
Gilberto José de Camargo (Sorocaba, SP)

Prazo excessivo
"A não-retirada imediata dos antibióticos do mercado farmacêutico brasileiro faz pensar que há algo mais para o dilatadíssimo prazo concedido pela Secretaria de Vigilância às indústrias e comércio varejista farmacêutico!
Qualquer um que conheça esse setor sabe que quase nenhuma farmácia mantém estoque superior a 90 dias para comercialização."
Julio Cesar Gomes de Oliveira (João Pessoa, PB)

Sinceridade
"Temos que nos congratular com o sr. Mendonça de Barros, o do BNDES, pela crise de sinceridade que o acometeu, ao reconhecer que 'tem uma certa dificuldade para tratar com a ignorância'.
A propriamente dele, eu imagino..."
Albano A. Fonseca Neto (São Vicente, SP)

Quero o meu
"Gostaria de saber, já que o pessoal -leia-se Brizola, Lula, Sarney, Flávio Tavares e a turma do PT- informou que a Vale é do povo, como faço para receber a minha parte da venda da mesma."
Asciudeme Joubert (São Paulo, SP)

Crítica improcedente
"Em texto publicado em 12/4, a jornalista Eunice Nunes afirma, de maneira categórica, que 'tecnicamente a denúncia dos dez policiais militares (PMs) de Diadema à Justiça comum apresenta imperfeições'.
Apesar da afirmação ser categórica, a repórter não cita a opinião de qualquer jurista para embasar conclusão tão importante e que, com certeza, poderá ser explorada, futuramente, no Tribunal do Júri.
Seja como for (opinião pessoal ou de especialista), a crítica não procede.
A bem elaborada peça da lavra do dr. José Carlos Guillem Blat, 6º promotor de Justiça de Diadema, descreve adequadamente a conduta típica de cada um dos dez denunciados.
Consta da denúncia que os dez denunciados se associaram para a prática de crimes, o que já demonstra a ligação entre todos.
É certo que somente um dos policiais efetuou os disparos, mas não é menos certo que, de acordo com o inquérito policial (e não só com a filmagem), os demais acusados prestaram apoio a seu comparsa, não só incentivando-o como também atuando como vigia.
Diferentemente do que afirma o texto, de maneira conclusiva, o conjunto probatório indica a co-autoria.
Ao que parece, a autora do texto -ou a pessoa por ela consultada- não leu a denúncia, na qual, em 19 laudas, a conduta de cada denunciado é minuciosamente descrita.
Assim, a repórter se baseou apenas na filmagem exibida, que é uma das peças do inquérito (importante, sem dúvida, mas não a única).
Em suma: a denúncia, já recebida, está tecnicamente perfeita, e a eventual alegação de ausência de vínculo psicológico é matéria de defesa que somente após o processo contraditório poderá ser apreciada."
Mário de Magalhães Papaterra Limongi, promotor de Justiça, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais -Procuradoria Geral de Justiça (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Eunice Nunes
- O texto baseou-se nas filmagens veiculadas pela TV Globo e não no inquérito policial. Só um PM disparou. As filmagens não demonstram a co-autoria ou participação dos demais PMs no disparo que resultou no homicídio de Mário José Josino.

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