São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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FHC acha que ministro não está envolvido

DA REDAÇÃO

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem não acreditar no envolvimento do ministro Sérgio Motta (Comunicações) nas denúncias de corrupção de deputados reveladas pela Folha, mas afirmou que, se qualquer pessoa do governo estiver envolvida, será imediatamente desligada do governo.
"Se houver qualquer laivo de verdade, o que eu não acredito, (...) qualquer pessoa do governo que esteja envolvida (...) será imediatamente desligada do governo. Imediatamente", afirmou FHC à rádio Eldorado.
FHC tentou desqualificar o deputado João Maia (PFL-AC), que afirmou, em conversa gravada revelada pela Folha, que Motta teria fornecido o dinheiro destinado à compra dos deputados.
"Como se trata de uma coisa de tão baixo nível, de pessoas que são capazes até mesmo de, enfim, de falta de vergonha no nível a que se chegou, eu acho que é preciso ver primeiro qual é a credibilidade do que está sendo dito", disse FHC.
O presidente disse que conversou com o ministro Sérgio Motta e que ele negou estar envolvido.
"Eu conversei com o ministro Motta porque havia rumores de que a Folha hoje (ontem) envolveria o nome do ministro. Ele me assegurou que não tem nada a ver com esse assunto", afirmou.
Segundo o presidente, as denúncias comprometem a imagem do Brasil: "Primeiro, é evidente que isso alcança a imagem do Brasil. Não é a única questão que me preocupa. Eu acho que (...), nesta fase de democracia, estamos vendo quanta coisa errada, quanta podridão, para usar uma palavra mais direta, existe entre nós. Isso não deve ser escondido nem posto debaixo do tapete."
FHC disse esperar que o Congresso não interrompa votações de projetos de interesse do governo, entre eles a reeleição e a reforma administrativa.
"Eu espero que o Congresso tenha o equilíbrio, como tem tido, de separar o joio do trigo. O Congresso, ao mesmo tempo que tem que agir com muita firmeza, não pode utilizar essa firmeza necessária como pretexto para não ter firmeza nas outras matérias", disse.
"Eu creio que a questão das reformas administrativa, previdenciária, e outras leis de grande significado que lá estão, dizem respeito ao povo brasileiro, que não deve estar sujeito a oscilações em função de comportamentos desabonadores eventuais de algum membro do Congresso ou de qualquer outro poder", afirmou.
FHC negou que o governo ofereça vantagens a deputados em troca de votos, mas, em seguida, afirmou que "eventualmente um ou outro consegue uma demanda".
"Essa minoria que faz essa barulheira toda... eu acho que convém olhar nos Diários Oficiais. O que que eles conseguem? Praticamente nada, muito pouco. Eventualmente um ou outro consegue uma demanda quando ela é justa. Agora o governo tem sido muito estrito," disse FHC.
"Eu acho que as negociações no Congresso são normais em termos de pressões, mas não em termos de comprar votos. Isso, embora possa ter ocorrido em outras épocas -eu não quero confirmar porque não sei efetivamente-, no Brasil de hoje é totalmente inaceitável," afirmou FHC.

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