São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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Zona Leste lidera violência contra criança

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A violência física é a campeã das crueldades domésticas cometidas contra crianças e adolescentes na cidade de São Paulo.
Dados do SOS Criança -órgão ligado à Secretaria de Estado da Criança, Família e Bem-Estar Social- mostram que das 493 denúncias de violência doméstica contra menores recebidas pelo órgão em 1996, 260 (53%) se referiram à violência física.
O órgão faz a discriminação entre violências física (espancamentos, queimaduras), psicológica (ameaças, indução a roubo, brigas em casa), sexual (assédios, prostituição, estupro, atentado violento ao pudor) e de alto risco (quando o último recurso do menor é fugir de casa e morar na rua), além de caracterizar também a negligência (abandono de crianças).
A negligência é o segundo caso de maior incidência de reclamações: 203 no ano passado. As queixas de violências psicológica e sexual e de menor em situação de alto risco empataram com 2% das reclamações (veja quadro ao lado).
1997
No primeiro quadrimestre deste ano, as denúncias de espancamento, tortura e queimadura também lideraram o ranking de modalidades de maus-tratos de crianças e adolescentes na cidade.
Após receber uma denúncia, o SOS Criança diz visitar a casa da vítima. Caso não haja possibilidade de o menor continuar com os pais, ele é encaminhado para tratamentos psicológico e de saúde, além de poder ser matriculado em escolas e creches públicas.
Em 96, por exemplo, o órgão encaminhou 321 dos 493 adolescentes que sofreram maus-tratos em suas residências.
Regiões
As regiões sul e leste da cidade são as que concentram o maior número de denúncias: respectivamente, 129 e 211, em 96, e 59 e 93, de janeiro a abril deste ano.
"Esses altos índices são sintomas de uma sociedade doente. A falta de atividades educacionais e esportivas, não-oferecidas pelas políticas públicas, faz com que as crianças de famílias de baixa renda se desestruturem. A violência social contra as famílias de baixa renda desencadeia a violência física nas crianças", disse o coordenador do SOS Criança, Paulo Vitor Sapienza.
Sobre a violência sexual, Sapienza disse que é resultado da passagem direta, no caso das crianças pobres, da criança para a etapa "adulta". Essas crianças pulam a adolescência e se comportam como adultos aos 8 ou 10 anos", disse o coordenador do SOS Criança.

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