São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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Mendes se diz vítima e requer inquérito

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal deve instaurar hoje no Rio inquérito para apurar os responsáveis pelas gravações clandestinas de telefonemas de Ivens Mendes, ex-presidente da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol).
O requerimento para a abertura do inquérito foi entregue ontem pelo advogado de Mendes, Luís Guilherme Vieira.
A Constituição assegura a inviolabilidade das comunicações telefônicas, salvo por ordem judicial. A lei prevê reclusão de até quatro anos para autores de grampo.
A PF decidirá hoje se acata o pedido. Em caso positivo, terá 30 dias para concluir a investigação.
"As únicas vítimas até aqui foram as pessoas que tiveram suas intimidades violadas", afirmou Luís Guilherme Vieira.
Ivens Mendes obteve ontem sua primeira vitória no inquérito do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) que investiga suposta manipulação de resultados.
O presidente do inquérito, Carlos Antônio Navega, acatou pedido do ex-dirigente da Conaf e desistiu de usar as fitas como prova.
Seis fitas, com uma hora cada, foram devolvidas à TV Globo, que as tinha cedido. "Como na Justiça comum, não aceitamos como prova o que é fruto de procedimento ilegal, em frontal arrepio à Constituição", disse Navega.
Ele afirmou, no entanto, que vai considerar entrevistas de Mendes e dirigentes de clubes falando sobre os fatos citados nas gravações.
"Isso seria um total contra-senso", disse o advogado de Ivens Mendes. "As reportagens se baseiam em conversas montadas e editadas não sei em que contexto."
Mendes não compareceu ao depoimento marcado pelo STJD, nem quer ser julgado nesse tribunal. Seu advogado argumenta que ele não exerce mais função no esporte, por isso não pode ser julgado por uma instância esportiva.
"Mas o inquérito se refere a fatos no período em que ele era o presidente da Conaf", respondeu Navega. "A situação de Ivens piora com sua ausência." Navega ouviu as fitas antes de devolvê-las. Disse que ficou constrangido com conversas íntimas da família Mendes, "cujo conteúdo ninguém tem o direito de conhecer".
O presidente do inquérito afirmou que um eventual rebaixamento de Atlético-PR e Corinthians à segunda divisão do Campeonato Brasileiro dificilmente ocorrerá por decisão do STJD.
Na próxima quinta-feira, o tribunal julga recurso do Fluminense, que tenta permanecer na primeira divisão alegando que o Bahia foi beneficiado pelo árbitro Marques Dias da Fonseca (GO) em jogo de 1996 contra o Vasco.

LEIA MAIS sobre o caso da arbitragem na pág. 4-8

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