São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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Apuração tem três vias

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O escândalo do futebol que tem como pivô o ex-presidente da Conaf Ivens Mendes deverá ser apurado por três caminhos distintos e é até provável que em cada um se chegue a uma conclusão um pouco diferente das demais, devido às diferenças de procedimentos.
Ministério Público, Legislativo e a CBF já anunciaram, ou pelo menos indicaram, que pretendem investigar se houve um esquema de fraude de arbitragens, se Mendes achacava os dirigentes em busca de dinheiro ou se tudo não passou de uma montagem, como alega o advogado de Mendes.
Uma semana após a eclosão do escândalo, as investigações nas três vias estão na estaca zero. O Ministério Público decide hoje se vai pedir abertura de inquérito. E a Comissão Parlamentar de Inquérito nem foi formada.
A Justiça esportiva deve produzir os resultados mais rápidos, mas também os mais sujeitos à contestação. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva é formado por pessoas indicadas pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
A Comissão Parlamentar de Inquérito também é sujeita a pressões externas e ao fato de que vários dos seus membros poderão ter relação com o meio do futebol. Vários deputados são dirigentes ou conselheiros de clubes, como Eurico Miranda (PPB-RJ), Marco Abi Chedid (PSD-SP) e até a petista Sandra Starling (MG).
Por isso, o ex-juiz Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, afirma que a via do Ministério Público mostra ser a mais independente, embora a mais lenta.
Um caso similar, ligado ao suposto esquema de arbitragem para favorecer o Botafogo no Campeonato Paulista da segunda divisão de 1995, está parado esperando que o Tribunal de Justiça decida se há motivos para denúncia ou não.
Por fim, todo o esforço de investigação nesse caso pode ir por água abaixo se a Justiça entender que a ilicitude da prova inicial (o grampo das conversas) "contamina" as demais provas que forem levantadas.
Essa tese, do "do fruto da árvore envenenada", é polêmica no Brasil, mas existem juízes que pensam assim e que podem trancar todo o processo judiciário.
(MD)

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