São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Show em SP pode ter reserva de mercado

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os espetáculos musicais internacionais apresentados na cidade de São Paulo terão de ser abertos por bandas nacionais.
A determinação faz parte de um projeto de lei aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal na última terça-feira. Quem desrespeitar a regra terá de pagar o equivalente a 10% da arrecadação da bilheteria.
Uma nova votação será realizada, provavelmente na próxima semana (a legislação exige que todos os projetos sejam aprovados duas vezes pelos parlamentares).
Com a nova votação, o autor do projeto, o vereador Alberto "Turco Loco" Hiar, do PSDB, pretende fazer uma pequena alteração no texto aprovado anteontem.
Ele diz que, por um erro de sua assessoria técnica, o projeto limitou a exigência para os shows realizados nos prédios municipais (como o estádio do Pacaembu e o Teatro Municipal, por exemplo).
"O projeto foi redigido de forma errada. Todos os shows internacionais, sendo em locais privados ou públicos, terão de começar com a apresentação de uma banda brasileira", disse o vereador.
Para fazer a mudança, o vereador precisa apenas apresentar um projeto substitutivo, o que deverá ser feito ainda hoje.
Como o projeto é consenso entre todos os partidos, deverá ser aprovado sem dificuldades. Depois disso, o texto terá de ser analisado pelo prefeito Celso Pitta.
O prefeito poderá vetar ou sancionar o projeto. Caso ele não aprove, a proposta volta para a Câmara, que pode, em nova votação, derrubar o veto, instituindo a lei.
'Chance para os novos'
Empresário de 32 anos, fã do grupo carioca Planet Hemp, Turco Loco diz que o seu objetivo é prestigiar a música brasileira, "uma das melhores do mundo".
"A integração com a música estrangeira é muito importante, mas não podemos absorver apenas a cultura americana", diz o parlamentar tucano.
Turco Loco diz que o projeto dá uma chance aos novos conjuntos. "Eles terão mais um espaço para divulgar seus trabalhos", diz.
O projeto define como conjunto "nacional" toda banda organizada e sediada no território nacional, independentemente da nacionalidade dos seus integrantes.
Pela lógica do parlamentar, portanto, o Sepultura (na época do vocalista Max Cavalera) não poderia ser considerado uma banda nacional, apesar de seus componentes serem brasileiros.
Os membros da banda brasileira mais famosa no exterior viviam nos Estados Unidos.
Reeleito no ano passado, Turco Loco tenta identificar seu mandato parlamentar com o público jovem.
Ele é autor de projetos curiosos como o que instituiu o Dia do Surfe em São Paulo, apesar de a cidade ficar distante 70 km do litoral. "Segundo o IBGE, dos 1,5 milhão de surfistas do Brasil, 450 mil moram em São Paulo", justifica.

Texto Anterior: Matogrosso, Daniela Mercury e Uakti fazem show em BH
Próximo Texto: Repercussão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.