São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
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Repercussão

Dody Sirena, produtor de shows, dono da DC 7, que trouxe Guns'n'Roses ao Brasil - "É excepcional, mas lamento que seja em forma de lei. Isso deveria fazer parte da cultura nacional. Na Europa e nos EUA, os grupos locais abrem para os estrangeiros sem a obrigatoriedade da lei. Mas aqui, em todo show que colocamos um artista local fazendo o show de abertura, sempre houve algum problema. O público não tem se mostrado receptivo.
Na Europa, o show de abertura é visto como uma maneira de alavancar um artista. Aqui, com a força da lei, tenho algumas preocupações. Temo que os cachês sejam inflacionados artificialmente".

Clemente, vocalista dos Inocentes - "Se eu fosse artista internacional, acharia um saco, como sou nacional, acho um barato. É preciso abrir espaço para as bandas nacionais. Não sei se a lei é uma medida muito autoritária, mas, de repente, só assim funciona".
José Muniz Neto, dono da Mercury, que realizou o Ruffles Reggae - "Sempre que possível, a gente dá oportunidade para as bandas brasileiras fazerem os shows de abertura. Não vejo problemas em apoiar os artistas nacionais. Sou empresário de vários deles, como os Raimundos.
Essa lei beneficia o músico sem prejudicar a gente. Mas é preciso mudar outras leis. Elas foram criadas em uma época em que showbizz era apenas uma palavra americana. É preciso acabar com as altas taxas cobradas pelos sindicatos em cima das apresentações de artistas estrangeiros, por exemplo. Está na hora de proteger quem está arriscando o pescoço. Os empresários estão sendo sacrificados. Com essas taxas e impostos, hoje, os empresários estão cheios de sócios. Sem eles, o ingresso poderia ser bem mais barato. A meia-entrada para estudantes tem que acabar. O consumidor é prejudicado em função de uma minoria".
Nando Reis, baixista dos Titãs - "Em tese, acho muito legal, mas deve haver um cuidado para que essa situação não crie um ônus. Que se criem condições para que não haja indisposição entre os técnicos das bandas nacionais e estrangeiras, por causa de condições de trabalho diferentes. Se a qualidade ou potência do som for inferior, por exemplo".

César Castanho, produtor de shows, trouxe Buddy Guy ao Brasil - "Sempre tento usar grupos brasileiros. Mas sou contra a obrigação. Não é por aí que serão divulgadas a música ou os artistas brasileiros. Em vez disso, seria preciso criar espaços para os artistas se apresentarem. Se eu quiser fazer show para 5.000 pessoas ou 15 mil pessoas, em São Paulo, eu coloco onde essa turma? Aqui não tem opção de espaços".

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