São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997 |
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Geiger traz constelações ao MAM
CASSIANO ELEK MACHADO
Como nos conjuntos de estrelas, são linhas imaginárias que unem as 150 obras em exposição a partir de hoje. Para Geiger, arte só existe como decorrência de conceitos, e a mostra "Constelações" evidencia que, apesar de buscar novos conceitos paulatinamente, a artista mantém uma coerência poética. Por trás da imensa diversidade de técnicas -trabalha com gravuras, pinturas, instalações, fotografias, xerografias...-, não está a dispersão, mas uma necessidade de atingir conceitos muito específicos independentemente de seus meios de expressão. "Não sou nada dispersa. Sou como uma mula com dois antolhos -peças de matéria opaca que limitam a visão-, que apenas pensa na obra", brinca a artista. Primeiro Geiger desenvolve a "utopia da idéia" que quer atingir -em processo que dura meses-, para depois se preocupar com a realização. "Sou meio destruidora do que eu domino", diz a respeito da constante mudança de técnicas. O renomado crítico Mário Pedrosa, que "descobriu" a artista nos anos 60, escreveu sobre Anna Bella Geiger: "Eis uma gravadora quase que insatisfeita -fato inédito- com seu nobilíssimo métier". A artista explica essa sua "camaleonice" de forma bem-humorada: "Tenho algo como uma luz vermelha que sempre me acende quando a coisa começa a ficar em uma perfeição voyeurista". A luz parece acender tantas vezes que ela diz: "Todas essas diferenças em mim fazem com que eu seja 4 ou 5 pessoas, mas sou eu". Sem pretensões de fazer uma linearidade cansativa da produção da artista, o curador Fernando Cocchiarale montou a exposição tentando preservar afinidades internas das obras, mantendo uma cronologia com licenças. Logo na entrada está a produção mais recente da artista: pinturas da década de 80 e "fronteiriços", instalações dos anos 90 com gavetas de ferro e encáustica. Em ambos, transparecem marcas registradas da artista: camuflagens -formatos derivados de pinturas que ela fazia em forma de nuvens- e os mapas. A geografia sempre acompanhou sua obra. Começou distorcendo mapas, como uma crítica às distorções políticas. Hoje desenvolve a "aproximação entre essa idéia de espaço abstrato da geografia e certos pontos completamente dispersos do que é o espaço de abstração das cartografias artísticas". Exposição: Anna Bella Geiger Onde: Museu de Arte Moderna (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 011/549-9688) Quando: hoje, das 19h às 22h; ter a dom, 12h às 18h; qui, 12h às 22h; até 15/6 Quanto: R$ 4 e R$ 2 (est.), grátis às terças Texto Anterior: Repercussão Próximo Texto: 'Jam' retrata cultura jovem de Londres Índice |
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