São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997 |
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Palma expõe a paixão pelo seu povo
ANA MARIA GUARIGLIA
Esse sentimento se revela nos detalhes dos retratos do povo de seu país, a Guatemala, e nos objetos de conotação simbólica. Palma reconhece que a maioria dos países da América Latina, em particular o seu, vive uma contradição entre a beleza e a miséria. Ao focalizar esses pontos, ele manipula as imagens, originando verdadeiras obras pictóricas, que estimulam a reflexão. O artista compõe sua obra a partir de recortes de fotos, desenhos e o uso de diferentes tipos de suportes. Recriando as imagens, ele cria uma nova expressão plástica. Apesar do clima escuro e triste, os retratos das mulheres e crianças brilham envoltos em uma atmosfera luminosa. A fotografia chegou por acaso, mas a arte veio da experiência e da extrema necessidade de mostrar a alma de seu povo. Palma, 40, fará uma palestra amanhã, às 19h, no local da mostra, para 120 pessoas. Nos dias 19 e 20, realizará workshops no Senac-Lapa. Leia a seguir trechos da entrevista que o fotógrafo concedeu à Folha por fax. * Folha - Suas criações têm um grande senso narrativo, como se fossem "stills" cinematográficos. Qual é o segredo dessa magia? Luiz Gonzáles Palma - Tudo que desejo é captar o momento. A cumplicidade entre o fotógrafo e o modelo criam esse elo invisível, proporcionando à fotografia uma vida própria. Folha - Devido à repercussão de seus trabalhos, o sr. foi considerado "fotógrafo revelação da América Latina". Como o sr. se sente em relação a isso? Palma - Não me sinto revelação da fotografia, muito menos da América Latina, afinal, existem outros grandes fotógrafos. Se algumas pessoas pensam assim, certamente é porque existe no meu trabalho uma forma diferente de ver uma realidade, que já foi muitas vezes vista e fotografada. Folha - O sr. fotografa em outros lugares com o mesmo sentimento com que fotografa seu povo? Palma - Sim. Sempre procuro dar dignidade a seres que a história e a sociedade têm marginalizado. Folha - Quem o sr. fotografou? Palma - Os lapões, por exemplo, fotografados na Suécia, no projeto "Triangular", de 1995. No momento estou desenvolvendo um projeto em Cuba. Folha - Como o sr. explicar a fotografia contemporânea? Palma - Creio que a fotografia contemporânea é aquela que está ligada à atualidade, especificamente ao tipo de imagem em que não se leva tanto em conta os valores tradicionais do registro, mas as idéias e os conceitos. Na realidade, um tipo de trabalho que se integra completamente a uma expressão plástica. Folha - O sr. observa esses aspectos na fotografia brasileira? Palma - Não sou grande conhecedor da fotografia brasileira, mas admiro os fotógrafos Mário Cravo Neto e Miguel Rio Branco. Também gostaria de destacar o trabalho extraordinário de Rosângela Rennó, que usa a fotografia em função da concepção estética. Exposição: Luiz Gonzáles Palma Onde: Casa da Fotografia Fuji (av. Vereador José Diniz, 3.400, tel. 011/533-7367, Campo Belo) Quando: hoje, às 19h; seg a sex, das 9h às 19h; sáb, das 13h às 17h30; até 7 de junho Quanto: entrada franca Texto Anterior: Tio Dave, o repórter em quem você confia Próximo Texto: Fotógrafo realiza épico Índice |
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