São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Empresariado quer CPI e teme os efeitos da crise nas reformas

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para a mais rigorosa apuração das denúncias de que houve compra de votos para a aprovação, em primeiro turno na Câmara, da emenda da reeleição, foi defendida ontem por lideranças empresariais ouvidas pela Folha.
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disse ser favorável ao uso de todas as medidas de apuração adequadas, sejam elas uma comissão de sindicância ou uma CPI.
O senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), disse que as denúncias de corrupção na Câmara têm de ser apuradas e os responsáveis, sejam eles que forem, punidos: "Se a comissão de sindicância não resolver tem de ser uma CPI mesmo".
Mas preocupados com mais demora na tramitação das reformas constitucionais no Congresso, Moreira Ferreira e Bezerra exigem rapidez na apuração do escândalo da compra de votos.
Moreira Ferreira não manifestou oposição a que seja instalada uma CPI para apurar as responsabilidades. A Fiesp, disse, vai lutar por uma rápida e exemplar punição dos responsáveis.
"O que não posso admitir é que a apuração paralise as já lentas reformas. De CPI em CPI, as reformas não andam. Isso é lamentável porque traz um prejuízo enorme para todo o país", completou.
Quarto Mundo
Antonio Ermírio de Moraes, diretor-superintendente do grupo Votorantim, disse que a compra de votos na Câmara é "coisa de Quarto Mundo".
"As denúncias de corrupção não invalidam, mas enfraquecem a emenda e entristecem os brasileiros. Sacanagem em política existe no mundo todo, só que lá fora fazem com mais cuidado."
Mario Bernardini, vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), atribuiu a corrupção na Câmara ao que chamou de "cultura brasileira de levar vantagem em tudo", que foi criada segundo ele pela impunidade que prevalece no país ao longo das últimas décadas.
"É uma situação que tem de ser corrigida, punindo, cassando e botando na cadeia quem prevaricou, porque não é só um caso de falta de decoro parlamentar, mas também um problema criminal, porque existe sonegação, corrupção ativa e crime eleitoral."
Nahid Chicani, vice-presidente da General Electric do Brasil, disse que está chocado, porque as denúncias abrem margens para dúvidas sobre a aprovação da emenda da reeleição, em primeiro turno, na Câmara. Ele defende um plebiscito sobre a reeleição.

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