São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997 |
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Boataria agita os mercados
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Impulsionadas por falsos boatos, as cotações das ações começaram o dia subindo, mas retrocederam no final da tarde. O índice Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou estável, com alta de apenas 0,68%. A Telebrás, estatal subordinada ao ministro Sérgio Motta e carro-chefe do mercado de ações, teve grandes variações ao longo do dia (máximo de R$ 134,00 e mínimo de R$ 129,00). Mas fechou quase estável, com alta de 0,23%. No exterior, os papéis da estatal também fecharam com cotação muito semelhante à do dia anterior, após grandes oscilações durante o pregão. A ADR (American Depositary Receipts) da Telebrás na Bolsa de Nova York (EUA) fechou com queda de US$ 0,375. O C-bond, principal título da dívida externa brasileira, registrou alta de 0,16%. Os pequenos ganhos de ontem não foram suficientes para recuperar a baixa do dia anterior, quando a Bovespa havia caído 3,42%, a maior queda desde fevereiro do ano passado. Desde o início da crise, a Bovespa acumula queda de 4,4%. Um dos falsos boatos que serviu de pretexto para a alta das cotações ontem foi o de que o jornalista Fernando Rodrigues, autor da série de reportagens sobre a compra de votos, teria sido demitido pela Folha. A falsa notícia fez as ações subirem até 2,7%. Porém, quando a "Agência Estado" divulgou o desmentido da demissão, citando o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, o movimento de alta retrocedeu até 0,6%. Frias Filho não apenas desmentiu o boato como disse que a apuração dos fatos "foi exemplar" e feita sob supervisão da Secretaria de Redação da Folha. Como a maioria dos boatos que circula no mercado financeiro, é difícil determinar sua origem. Logo pela manhã, também circularam rumores de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estaria entrando no mercado para comprar ações da Telebrás. O objetivo seria retomar a alta das Bolsas. O BNDES nega a negociação. Além de tentar esvaziar a crise, interessa ao governo manter as Bolsas em alta para atrair investidores estrangeiros e compensar o déficit comercial. No mercado, foi identificada uma reação do governo à crise de manhã. A tramitação da CPI da Reeleição fora brecada. A isso somou-se a aprovação, anteontem, da emenda da reeleição na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A euforia, entretanto, teve vida curta. Quando os boatos que desmontariam as denúncias da Folha foram desmistificados, as cotações recuaram. A sensação entre os operadores é que não vai ser tão simples sair dessa crise quanto o mercado chegou a imaginar ontem de manhã. Texto Anterior: Empresariado quer CPI e teme os efeitos da crise nas reformas Próximo Texto: 91% dos paulistanos defendem CPI; aprovação a FHC cai 7 pontos Índice |
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