São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Liquidação de banco causa prejuízo a fundo militar

Banfort é fechado por operações de crédito sem cobertura

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Fundação Habitacional do Exército (FHE) pode ter um prejuízo de mais de R$ 30 milhões, valor utilizado para comprar 49% das ações do Banfort (Banco Fortaleza S/A), instituição liquidada ontem pelo Banco Central.
O dinheiro só voltará -se voltar- para os cofres da FHE depois que todos os credores forem pagos. "Os acionistas só recebem alguma coisa de volta se sobrar dinheiro", disse o diretor de Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, ao explicar o processo de liquidação do Banfort.
A fundação continuará funcionando normalmente, disse Mauch, e não será afetada pelo fechamento do banco.
"Acionista não fica com os bens indisponíveis", afirmou Mauch.
O BC determinou a indisponibilidade dos bens do controlador e dos ex-administradores do Banfort.
O Centro de Comunicação Social do Exército informou à Folha que a fundação certamente terá prejuízo com a liquidação do banco. Entretanto, afirmou que o dinheiro investido no Banfort era proveniente de recursos próprios, e não dos associados.
Entidade privada
A FHE é uma entidade de direito privado, supervisionada pelo Ministério do Exército, destinada a fazer financiamentos habitacionais e vendas de seguros para militares e civis.
Em nota oficial, a entidade afirmou que a quebra do Banfort não vai afetar o atendimento dos beneficiários.
A causa principal da liquidação extrajudicial do Banfort foi a descoberta de operações de crédito com empresas que apresentavam dificuldades para pagar suas dívidas. Também foi fechada pelo BC a Corretora Banfort de Câmbio e Valores S.A.
O controlador do banco era o ex-senador José Afonso Sancho. Segundo Mauch, não foi possível encontrar um comprador adequado às necessidades do Banfort.
O Banfort estava tomando empréstimos diários no valor aproximado de R$ 100 milhões para fechar o seu caixa diariamente, conforme informou o BC.
A FHE tinha a intenção de comprar o controle acionário do Banfort, mas a operação não foi permitida pelo BC.
Alerta
Mauch disse ontem que alertou o ministro do Exército, Zenildo Lucena, das dificuldades do banco.
O BC também não permite que fundações tenham o controle acionário de uma instituição financeira, já que é difícil identificar o nome dos controladores no caso de quebra.
Na época da compra de 49% das ações, o general da reserva Romildo Canhim (ex-ministro da Administração do governo Itamar Franco) chegou a exercer o cargo de vice-presidente do Banfort.
Ele saiu do cargo depois que o ministro do Exército determinou o afastamento da FHE da administração do Banfort.
Os bancos Vega S/A, do Rio de Janeiro, e Empresarial S/A, de São José do Rio Preto (451 km a oeste da cidade de São Paulo), também foram liquidados ontem pelo BC.
O motivo foi desequilíbrio patrimonial e falta de recursos para fechar o caixa no final do dia.
Foram fechadas ainda a Empresarial Distribuidora e a Vega Corretora.

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