São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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SP emitiu R$ 2,8 bi irregularmente

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Prefeitura de São Paulo emitiu irregularmente R$ 2,836 bilhões em títulos públicos de 1990 a 1996, segundo relatório preliminar da CPI dos Precatórios.
O documento, ao qual a Folha teve acesso, conclui que apenas 22,92% dos recursos arrecadados com a venda de títulos foram usados para os fins previstos em lei.
No período, São Paulo emitiu R$ 3,679 bilhões em títulos, incluindo papéis destinados ao pagamento de precatórios (dívidas judiciais) e à rolagem de dívidas.
Pela Constituição, Estados e municípios só podem emitir títulos para pagar precatórios vencidos até 1988 ou rolar papéis antigos.
Considerando somente os títulos destinados aos precatórios, a arrecadação fica em R$ 1,734 bilhão.
O levantamento inclui três anos da administração Luiza Erundina (entre 1990 e 1992), mas os indícios de irregularidade recaem sobre os quatro anos do mandato de Paulo Maluf (1993 a 1996).
Erundina fez três emissões destinadas a precatórios, em um total pouco superior a R$ 193 milhões. O restante foi emitido por Maluf, segundo o documento.
O relatório preliminar diz ainda que apenas R$ 294 milhões foram destinados a pagamentos de precatórios vencidos até 1988.
Os técnicos da CPI consideram que parte das rolagens também é ilegal, pois a arrecadação nas emissões originais não foi usada no pagamento de dívidas judiciais.
O documento afirma que os valores das emissões foram inflados graças a "manobras de cálculo e estimativa".
O relatório preliminar foi elaborado por técnicos da CPI e deverá ser usado nas conclusões do relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Para esses técnicos, a emissão ilegal causa prejuízos para os contribuintes de São Paulo e poderá gerar prejuízos também para a União, caso seja implementada a federalização da dívida.
Ontem, Requião esteve reunido com técnicos da CPI durante todo o dia para fechar o relatório parcial, que deverá ser enviado na próxima semana a ex-prefeitos e governadores. Aqueles que não concordarem com as conclusões do relator, poderão depor na CPI.
Outro lado
A assessoria do prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), afirmou: "diante dos poucos elementos fornecidos, não conseguimos identificar os fundamentos dessa afirmação. Mas o próprio Banco Central reconheceu que todas as emissões foram comprovadas."

Colaborou a Reportagem Local

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